por Caetano Scannavino (*)
Foram meses de trabalho buscando unir esforços e construir consensos para que os presentes na reunião da ultima sexta-feira em Brasília – universidades, SEMSAs, Conselhos, Governo do Estado, Promotores de Justiça e PSA – chegassem no Ministério da Saúde focados na busca de uma solução para permanência definitiva do Abaré a serviço dos ribeirinhos do Tapajós.
O que estava em jogo não era apenas encontrar caminhos para manter e sustentar a embarcação, mas também fortalecer a estratégia de Saúde da Família Fluvial, hoje com 64 barcos de atendimento (operantes ou em vias de) por toda Amazônia e Pantanal, filhos do Abaré, um símbolo desta nova política de atenção básica que veio pra ficar.
O Abaré, por ser uma embarcação com instalações acima do padrão das demais Unidades, tem um custeio superior aos repasses federais previstos na Portaria de Saúde Fluvial. Neste sentido, vínhamos insistindo que não se justificava mantê-lo operando de forma ociosa, apenas para serviços “básicos do básico”.
Sob essa lógica, se desdobrou um dos avanços da reunião de sexta, como apontou o próprio ministro da Saúde, Dr. Alexandre Padilha, em sua conta no Twitter – “Além de médicos e Programa de residência do #MaisMédicos, o Abaré1 receberá ações do Telesaúde, PET-Saúde e recursos do UBS fluvial” – sinalizando para permanência definitiva da embarcação e sua sustentação por meio da diversificação dos serviços e políticas públicas instaladas.
Se consumado, será uma vitória mais do que merecida do povo do Tapajós, protagonista de toda essa luta, que ganha com a qualificação da assistência e o acesso a novos programas sociais.
O sonho de um barco-hospital escola de ensino/pesquisa também ficou mais próximo, com o desenho definido na reunião: o Abaré indo para UFOPA com apoio federal, em consórcio com a USP e a UEPA, em parceria com as prefeituras, Governo do Estado e Ministério.
Seu papel social seria incrementado como um barco cabeça-de-rede, um laboratório de boas práticas e referências para serem disseminadas também junto as demais unidades fluviais que estão sendo implantadas.
“Com a Coop FMUSP, UFOPA, UEPA, o Abaré1 será campo de prática para #MaisMédicos, PSF Stm, Aveiro e Belterra; e Residência UEPA, UFOPA, USP”, escreveu o ministro Padilha no Twitter.
Sabemos que ainda tem muita coisa pra rolar. Em se tratando de entes públicos, sabemos também que leva tempo entre o discurso e a prática. E chegou a hora de falar com os “russos”, nesse caso, os holandeses da TDH, proprietários do Abaré, ficando na torcida para que reconheçam os avanços, pensem nos ribeirinhos, e reajam com bom senso. Isso sem falar em todos os trâmites burocráticos daqui pra frente.
Mas uma coisa é certa: a reunião de Brasília deu um pequeno grande passo para que essa novela caminhe sim para um final feliz, novela esta que começou lá atrás, quando o nosso atual ministro ainda na USP ocupava o papel de um dos médicos colaboradores na assistência à saúde dos ribeirinhos, como bem lembra ele em mais uma de suas tuitadas – “O Abaré1 foi criação, invenção, obra do ProjSaúdeeAlegria, que recebeu nós médicos do Numetrop/USP de braços e sorrisos abertos”.
#AbareParaSempre