Invenção de tecnologia na Floresta: oficina possibilita criação dos próprios comunitários

18 de março de 2019 por Samela Bonfim

A RESEX Tapajós-Arapiuns está sendo laboratório de invenções no período de 18 a 23 de março. Moradores de sete comunidades da região estão participando de oficina que possibilita a criação inédita de tecnologias para facilitar o dia a dia dos comunitários na região;

Criar soluções tecnológicas para auxiliar os comunitários na rotina é um desafio encarado por vinte e cinco moradores das comunidades São Pedro, São Miguel, Maripá, Samaúma, Aldeia Solimões, Anumã e Carão, na Resex em Santarém. Eles estão participando desde segunda-feira (18) da Oficina de Desenho e Co-criação de Tecnologias Apropriadas promovida pela World-Transforming Technologies com apoio do Projeto Saúde e Alegria.

Durante seis dias eles aprenderão técnicas e colocarão em prática as próprias ideias para solucionar alguma necessidade específica e replicar a criação. As oficinas estão sendo realizadas no Centro Experimental Floresta Ativa (CEFA) e objetivam ampliar a capacidade de inovação e de desenvolvimento tecnológico de baixo custo dos participantes para melhorar a vida de suas comunidades.

A intenção é aprender como criar tecnologias simples para resolver problemas do dia a dia, utilizando diversas ferramentas e trabalhando com metal, madeira e outros materiais disponíveis localmente. A oficina é totalmente prática, onde todos os participantes, independente de idade ou gênero, aprenderão novas habilidades e construirão máquinas e equipamentos para facilitar a vida, melhorar o aproveitamento dos recursos naturais e o rendimento no trabalho – seja na agricultura, pesca ou qualquer outra atividade.

Em cursos anteriores realizados em outras localidades, os participantes criaram prensas de óleos, descascadores de castanhas, máquinas de lavar roupas manuais, bici-máquinas e diversas outras invenções. Em cada local são os próprios participantes que definem os problemas a serem resolvidos, propõem idéias e constroem as soluções, com o apoio dos facilitadores.

Odair Scatolini facilitador do Instituto invento tecnologias destacou a proposta: “Essa oficina é uma metodologia executada em vários países do mundo, América Latina, África, Ásia… a nossa ideia é trabalhar, criar, desenhar e executar tecnologia com as comunidades, não para as comunidades. O que a gente está querendo é transformar as comunidade de consumidoras em criadoras de tecnologias” – explica.

Primeiro dia

A abertura da oficina foi marcada pela apresentação dos participantes e equipe realizadora, desafio de desenho: suspender espigas de milho 5cm do solo usando duas folhas de A4 e Ciclo de desenho: demonstração de diferentes prensas para produzir briquetes de carvão.

A WTT

World-Transforming Technologies é uma fundação latino-americana sem fins lucrativos dedicada a conectar inovadores a oportunidades de impacto social, ambiental e econômico.

PSA promove oficina de educação em saúde para Agentes Comunitários das regiões dos rios Tapajós e Arapiuns

18 de março de 2019 por Samela Bonfim

Ação marca retomada do trabalho do Saúde e Alegria em educação de saude junto ao barco hospital abaré nas comunidades atendidas

Na sede do PSA a abertura da capacitação foi de descontração entre os profissionais de saúde das regiões ribeirinhas da Amazônia. Durante todo o dia os ACS refletiram sobre a forma como atuam nas comunidades e o que é preciso para melhorar o atendimento à mulher – tema específico do encontro.

Jadson Caetano Azulay, agente da comunidade Jauarituba, região do Tapajós destacou a importância da atualização: “a gente precisa renovar o conhecimento. Eu acredito que a partir do momento que a gente começa a interagir também com os colegas de outras comunidades, isso trás uma sensação de que realmente precisamos conhecer de fato aquilo que a gente precisa trabalhar na nossa comunidade” – explica.

Mariane Ferreira agente em Urucureá na região do Rio Arapiuns há cinco anos reforçou a alegria em poder receber a capacitação para disseminar entre as pacientes da região: “É importante a saúde da mulher. Na nossa comunidade há essa preocupação porque tem muitas mulheres que precisam ser informadas principalmente sobre gravidez porque tem mulheres que tem muitas crianças e é uma preocupação grande” – afirma.

Os ACS atendem nas comunidades do Tapajós: Capixauã, Nuquini, Parauá, Jauarituba, Vila de Boim, Nova Vista, Samaúma, Surucuá, Pedra Branca, Aldeia Solimões, aldeia Muratuba, Maripá, Vila Amorim, São Tomé, Aldeia Santo Amaro e região do Arapiuns: São Miguel, Alto Mentai, Mentae, Cachoeira do Aruã, Prainha do Maró, Vila Gorete, Coroca, Vila Brasil, Lago Central, São Miguel, São Pedro, Tucumã, Cuipiranga, Atodí, Atrocal, Urucureá, Aldeia do Aminã, Curí.

Marcela Pinheiro enfermeira responsável pela educação em saúde ribeinha pelo PSA esclareceu que a proposta é trabalhar com módulos mensais com temas peculiares da região: “A gente tem uma diversidade assuntos: planejamento familiar, pré-natal, prevenção do câncer do colo do útero… Educação permanente é trabalhar os temas trabalhados de uma forma diferente com atualização” – finaliza.

No próximo mês os profissionais participarão da oficina sobre Saúde da criança. Segundo o médico e fundador do PSA, Eugenio Scannavino a capacitação representa um importante passo para a implementação dos atendimentos do barco hospital Abaré:
“A cada mês a gente treina os agentes de saúde e depois que o Abaré estiver nas comunidades, eles vão realizar as oficinas de educação comunitárias com as comunidades e com os grupos jovens, usando rádio, jornal, cartaz e circo, para fazer educação em prevenção. Nós estamos agora apoiando com ações complementares ao Abaré que está com o calendário anual, então nós encaixamos essas atividades de treinamentos, capacitações e educação comunitária no calendário dele”.

Técnicos iniciam coleta de sementes para produção de mudas

14 de março de 2019 por Samela Bonfim

Prioridade é reunir sementes das espécies mais solicitadas pelos comunitários. Em fevereiro de 2019 cerca de doze mil mudas de plantas nativas foram distribuídas no Arapiuns para reflorestamento

Nos primeiros meses do ano os técnicos do projeto Floresta Ativa Tapajós desenvolvido pelo Projeto Saúde e Alegria visitaram as comunidades São José 1, Zaire, Aminã, Atody, São Miguel, Arapiranga e Anã, todas no Arapiuns.

Nesse período de levantamento e cadastro de pré-distribuição das mudas, conversaram com os moradores e descobriram quais as espécies de maior interesse e que representam forte potencial de reflorestamento e de incentivo à produção.

Com o fim da distribuição das primeiras mudas, os técnicos seguem agora para a nova missão com foco à próxima etapa: coletar as sementes das árvores encomendadas. As espécies mais solicitadas são: castanheira, Jenipapo, Açai Branco, Rambotam, Pequiá, Bacaba e Tapiririca.

Os coletores já iniciaram a atividade de sementes. “Como eles já viram as necessidades das comunidades, nesse momento agora vão coletar as semente das espécies certas” – explicou o técnico de campo do PSA, Walter Oliveira.

Após a coleta de todas as sementes, começa A produção das mudas que deve ocorrer no próximo mês.

Floresta Ativa

O projeto de distribuição de mudas pretende promover o reflorestamento através da participação dos próprios comunitários engajados com a defesa do meio ambiente e interessados em práticas de agricultura sustentável.

A intenção é recuperar áreas degradadas nas proximidades das comunidades, nos quintais e junto aos roçados familiares e oferecer aos produtores os instrumentos necessários para implantação de sistemas agroflorestais, permaculturais, entre outras práticas mais eficientes, eficazes e amigáveis ao meio ambiente. Desta forma, além de contribuir com a manutenção da floresta em pé, os agricultores familiares são incentivados a agregarem valor à sua produção, com a diversificação de espécies com valor de mercado, e a experimentação da venda de créditos de reposição florestal.

O programa Floresta Ativa Tapajós é desenvolvido pelo Projeto Saúde e Alegria com apoio do BNDS/Fundo Amazônia.

Rede Mocoronga em novo site

28 de fevereiro de 2019 por Samela Bonfim

A partir de agora você acompanha as notícias da Rede Mocoronga pelo www.saudeealegria.org.br/redemocoronga.

Mais facilidade na leitura e um visual mais claro para possibilitar a você leitor do Blog o acesso mais otimizado.

Saúde e Alegria!!!

“Não usar mais o fogo para destruir a natureza e poluir o ar” diz indígena sobre Oficina Roça Sem Fogo

28 de fevereiro de 2019 por Samela Bonfim

Produtores rurais de comunidades e aldeias da Resex Tapajós Arapiuns, município de Santarém aprenderam técnicas de agricultura sem fogo. A oficina de capacitação foi realizada no Centro Experimental Floresta Ativa Tapajós na Comunidade Carão e promoveu o ensino de conhecimento teórico/prático

Flávio Rodrigues produtor na Aldeia São Francisco Parauá cultiva mandioca, milho e feijão. Para abertura dos roçados, a única técnica até então conhecida era a queima das matas. Um procedimento perigoso para a vida das populações tradicionais e preocupante relata o indígena: “A gente usava o fogo na comunidade e deixava a gente preocupado porque é uma responsabilidade grande deixar a natureza viva. Hoje nós descobrimos que precisamos até convidar o vizinho a deixar essa prática” – reforça.

A oficina roça sem fogo reuniu cerca de quarenta produtores, dentre eles Wanderley Carmo também da aldeia Parauá. Para o jovem conhecer novas formas de abrir uma roça na floresta foi surpreendente: “Uma boa estratégia do trabalho para não usar mais o fogo para destruir a natureza e poluir o ar”.

A agricultura de base ecológica consiste no preparo das áreas sem queima com corte da vegetação de capoeira. A roça sem o uso do fogo é uma estratégia de responsabilidade do Educador Agroflorestal Valdemar Guimarães que destacou a importância da oficina: “eles tem uma oportunidade com o curso agroflorestal, porque levamos informação, calculo de produção e geração de renda. Mostramos também que espécies como o Cumarú e Andiroba valem a pena investir porque grandes empresas como a Natura tem interesse e é preciso aproveitar as oportunidades” – finaliza.

Durante os quatro dias, os participantes refletiram sobre a maneira como estão produzindo, quais suas maiores dificuldades, desafios e como podem melhorar a produtividade sem afetar o meio ambiente.

Desmatamento

O desenvolvimento sem dúvida tem sido a palavra chave para quem atua no setor produtivo. Entretanto, muitos produtores já entenderam que para manter o recurso para as gerações futuras, é preciso aprender novas técnicas e métodos de uso sustentável.

Nos últimos anos, o desmatamento só cresceu. Segundo dados divulgados em 2015 pelo Ministério do Meio Ambiente, a Amazônia teria perdido 5.831 quilômetros quadrados de floresta em apenas um ano. O aumento na época de 16% estava relacionado, em sua maioria às queimadas. Somente no Pará, foram mais de 36 mil focos.

Repensar práticas atuais é fator indispensável para planejar o futuro e começar a frear esses dados alarmantes. Para isso o Projeto Saúde e Alegria está disseminando técnicas de agricultura sem fogo nessas regiões.

Novas etapas

Os participantes foram convidados a outras fases da Oficina para que sejam acompanhados e disseminem o conhecimento como forma de conservar o meio ambiente. A iniciativa que oferece auxilio na abertura de roçado sem uso de fogo e mostra possibilidades de geração de renda tem data para novos encontros: entre os dias 11 e 14 de Março.

A oficina Roça Sem Fogo é uma realização do Projeto Saúde e Alegria com apoio do BNDES e Fundação Konrad Adenauer.

 

Fórum Floresta Ativa reúne entidades parceiras do Projeto

26 de fevereiro de 2019 por Samela Bonfim

A articulação das organizações de base é o primeiro passo na consolidação de estratégias para o fortalecimento das cadeias produtivas e sustentáveis na região Oeste do Pará

Na sede do Projeto Saúde e Alegria representantes dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Santarém, Belterra e Mojui dos Campos, Federação da Flona, Tapajoara, Feagle, CITA, GCI, ConFlona, Acosper, Turiarte e Aprospebras participaram do encontro de avaliação e planejamento para melhorar a vida das populações tradicionais dessas regiões.

Valorizar a cultura local, melhorar a renda, a segurança alimentar e manter a floresta em pé são fatores fundamentais para conseguir estruturar melhores condições de vida para os povos amazônicos.

Mas afinal o que tem dado certo nas comunidades? E o que é necessário para evoluir? Os participantes do fórum foram instigados a reflexão e puderam fazer ponderações na avaliação. Raimundo Guimarães representante da Tapajoara destacou a necessidade do evento: “Esse fórum vai servir para fortalecer todas as comunidades envolvidas”.

A criação do fórum é um processo fundamental para acompanhar o novo projeto do Saude e Alegria – reforçou Livaldo Sarmento/PSA: “vamos atuar nesses territórios com a produção das cadeias produtivas do mel, coleta de sementes de espécies florestais e produção de óleos e algumas sementes como a andiroba. Será construída uma unidade produtiva dentro da Flona e uma outra parte em Santarém com a parceria da Unidade do STTR”.

Além disso, através da parceria com a entidade será construída uma casa de mel, onde o produto será processado (para evitar acidez do mel), armazenado e comercializado. No dia 25 de março o lançamento da Casa do Mel será analisado em assembleia com os sócios na sede do STTR – Avenida Cuiabá em Santarém.

Projeto

O Fórum faz parte das atividades do Projeto Floresta Ativa financiado com recursos do Fundo Amazônia/BNDS. A intenção é que seja de grande abrangência nos municípios de Santarém, Belterra, Mojui dos Campos e Prainha, atendendo a regiões como a Flona, Resex, Assentamentos no Lago grande e Várzea.

O projeto aprovado para o biênio 2019-2021 contempla o fortalecimento da restauração florestal, redes de sementes, mudas, agricultura familiar, produtos da sóciobiodiversidade, meliponicultura, óleos vegetais, essenciais, extratos, fitoterapicos, turismo de base comunitária e artesanatos. Mas também prevê investimentos na formação, produtos demonstrativos, tecnologias, criação de casa do artesanato em Urucureá, Central em Santarém e pousada em Jaguarari e na Resex.

Projeto Ciência Cidadã Para Amazônia: jovens indígenas testam qualidade da água com microscópio

22 de fevereiro de 2019 por Samela Bonfim

Treinamento realizado na Universidade Federal do Oeste do Pará reuniu estudantes e professores da comunidade Aracampina no rio Amazonas e aldeia Solimões no rio Tapajós. Objetivo foi testar o Foldscope Instruments (microscópio de origami) para monitorar a qualidade da água em locais de pesca

A tecnologia está cada vez mais presente na vida das novas gerações da Amazônia. Sem deixar as tradições de lado, os jovens vão adotando novas ferramentas no auxilio da proteção ao meio ambiente. Eles recebem dos pais, avós e bisavós a missão de cuidar do ecossistema e vão incorporando novas alternativas para manter a floresta de pé, combater a pesca predatória e evitar a contaminação de lagos e rios.

Um grupo de estudantes de Aracampina e da aldeia Solimões está unido para monitorar a qualidade da água nas duas regiões. Além de um grupo que já monitora o processo migratório das espécies, outro fará a coleta da água nos locais de pesca para identificar a situação do liquido nesses pontos, conforme explica colaborador voluntário, Arivan Vinente: “com a coleta das amostragens montamos as laminas para visualizar nos microscópios de origami os organismos presentes. Fizemos coleta em água de esgoto, água acumulada, do ralo do banheiro e do bebedouro… É uma novidade, uma inovação e como eles são pioneiros nisso, o empoderamento deles é muito forte” – comentou sobre a oficina que participaram na Ufopa.

Neste encontro realizado na quinta (21), os jovens testaram a experiência piloto que faz parte do programa Ciência Cidadã que propõe o uso de tecnologia como ferramenta de educação e instrumento de conservação ambiental. Para a professora da Ufopa Socorro Pena, responsável pelo projeto em Santarém, a oficina foi fundamental para a prática dos jovens: “O resultado foi super positivo. Essa experiência de trazer os jovens para a universidade para fazer analise foi muito interessante porque eles pegaram a água, fizeram análise e tiveram a experiência”.

A estratégia de promover a ciência é também um recurso importante para o desenvolvimento social e educativo dos estudantes, ressaltou o biólogo da Sapopema – Fábio Sarmento: “um marco na educação do interior porque a tecnologia ensina como utilizar para pesquisa”.

A tecnologia

A direção das escolas recebeu um Kit que Inclui ferramentas para coleta de amostras, preparação de slides e técnicas avançadas de microscopia ideal para educadores e projetos que procuram atender a grupos de exploradores.

Portátil, durável e com qualidade ótica semelhante aos microscópios convencionais (ampliação de resolução de 140X e 2mícrons), o Foldscope possibilita aos estudantes o acesso à ciência, e incentiva a exploração científica, nesse caso à populações tradicionais da Amazônia.

Além dos instrumentos, os jovens receberão um documento para auxiliar no uso do microscópio de origami: “A Sapopema está elaborando um material didático em forma de e-book para disponibilizar no nosso site e também imprimir para eles disseminarem com os colegas das escolas” – explicou Pena.

Projeto Ciência Cidadã Para Amazônia

O projeto é gerido pelo Wildlife Conservation Society (WCS) com recursos da Fundação MOOR que se propõe a apresentar solução para construir uma rede de organizações e pessoas que gerem informações sobre peixes e águas na escala da bacia, utilizando abordagem participativa e tecnologias inovadoras de baixo custo.

No Pará, as únicas comunidades integrantes da pesquisa são Aracampina e Solimões através da parceria entre Sapopema, Saúde e Alegria e WCS.

Além do microscópio, outra tecnologia utilizada para o levantamento das informações é o aplicativo Ictio que permite monitorar a captura de peixes e ajudar a compreender os padrões de migração das espécies.

Inauguração de sistema de água movido a energia solar marca nova fase em aldeia indigena na Floresta Nacional do Tapajós

20 de fevereiro de 2019 por Samela Bonfim

A espera durou mais de três décadas para os moradores da aldeia Takuara, na Flona. Nesta quarta (20), as quarenta e quatro famílias indígenas puderam comemorar a conclusão das obras de construção do sistema de abastecimento. Agora, os moradores indígenas tem acesso à rede com água potável.

Foto: Samela Bonfim

“Perdemos 12 índios em trinta dias” lamentou o presidente da Confederação dos Moradores da Floresta Nacional do Tapajós sobre a morte de indígenas devido a contaminação da água usada na aldeia, localizada na floresta amazônica. Por muitos anos, os povos tradicionais dessa região usavam o líquido retirado de uma cacimba (buraco aberto manualmente pelos moradores). Com alto índice de contaminação, alguns indígenas acabaram morrendo devido a ingestão do líquido.

Foto: Samela Bonfim

Os episódios serviram de incentivo para que eles buscassem novas formas de captação de água e apoio. Apesar da luta, não desistiram e acreditaram na possibilidade de um dia ter água encanada de qualidade. A esperança deu certo: “Ao longo de trinta anos, lutamos por uma água de qualidade pra essas populações, pra essas crianças que viviam pegando água na cacinba, carregando na cabeça, as mulheres lavando roupa na cacinba, as criança bebendo água nela. Hoje graças a Deus temos água com abundância, sem nenhum problema” – comemorou o cacique da aldeia Leonardo Pereira.

Através de parceria de várias entidades o sistema vai beneficiar as quarenta e quatro famílias indígenas. O Projeto Saúde e Alegria executor das obras contou com o financiamento da fundação Avina para implantar o sistema de alta tecnologia e de uma grande logística, explicou o responsável técnico do PSA, Carlos Dombroski:
“O sistema é composto por um poço de 80 metros de profundidade todo revestido com tubo geomecanico, construção de concreto armado de sete metros de altura, instalação de uma caixa de vinte mil litros, uma bomba de três cv movida a energia solar e implemento de energia solar que aciona a bomba de forma automática, cerca em volta do sistema”.

Drone: Daniel Martinez

Cerimônia de inauguração

O dia foi de muita festa na aldeia. Os indígenas fizeram questão de preparar o espaço, as comidas típicas e a recepção com direito a dança tradicional e rituais.

Foto: Samela Bonfim

Na composição da mesa, os envolvidos no projeto destacaram a felicidade em contribuir com a qualidade de vida através da água: “Eu fico muito feliz de ver que isso é reforçado como uma conquista de vocês. Isso é muito importante porque serve de exemplo pra outras comunidades que ainda não alcançaram isso” – disse a coordenadora da Avina, Telma Rocha.

Foto: Samela Bonfim

O coordenador do PSA, Caetano Scanavinno também reforçou o sentimento compartilhado: “Eu fico feliz de voltar aqui e ver que aquelas doenças relativas à água melhorou e isso aí é resultado de vocês que não desistiram do sonho. A gente assessora, mas vocês dão uma aula de que a gente tem que sempre persistir e buscar o nosso sonho”.

Foto: Samela Bonfim

Além de saúde o dia foi de alegria. O circo Mocorongo levou muita animação através dos palhaços que reuniram a participação de crianças, jovens e adultos na brincadeira.

Oficina Roça Sem Fogo incentiva conservação da floresta e fortalece renda dos produtores

17 de fevereiro de 2019 por Samela Bonfim

De 25 a 28 de fevereiro cerca de quarenta produtores rurais participarão da oficina de capacitação no Centro Experimental Floresta Ativa Tapajós na Comunidade Carão. A iniciativa pretende auxiliá-los na abertura de roçado sem uso de fogo e mostrar possibilidades de geração de renda

Técnicos do PSA em visita às propriedades de Mojuí dos Campos

O desenvolvimento sem dúvida tem sido a palavra chave para quem atua no setor produtivo. Entretanto, muitos produtores já entenderam que para manter o recurso para as gerações futuras, é preciso aprender novas técnicas e métodos de uso sustentável.

Nos últimos anos, o desmatamento só cresceu. Segundo dados divulgados em 2015 pelo Ministério do Meio Ambiente, a Amazônia teria perdido 5.831 quilômetros quadrados de floresta em apenas um ano. O aumento na época de 16% estava relacionado, em sua maioria às queimadas. Somente no Pará, foram mais de 36 mil focos.

Repensar práticas atuais é fator indispensável para planejar o futuro e começar a frear esses dados alarmantes. Para isso o Projeto Saúde e Alegria está disseminando técnicas de agricultura sem fogo em Santarém (Lago Grande, Mojuí dos Campos e Belterra.

A agricultura de base ecológica consiste no preparo das áreas sem queima com corte da vegetação de capoeira. A roça sem o uso do fogo é uma estratégia de responsabilidade do Educador Agroflorestal Valdemar Guimarães que destacou a importância da oficina que envolverá dinâmicas teóricas e práticas: “eles tem uma oportunidade com o curso agroflorestal, porque estamos levando informação, calculo de produção e geração de renda. Vamos também mostrar que espécies como o Cumarú e Andiroba valem a pena investir porque grandes empresas como a Natura tem interesse e é preciso aproveitar as oportunidades” – finaliza.

Durante os quatro dias, os participantes refletirão sobre a forma como estão produzindo, quais suas maiores dificuldades, desafios e como podem melhorar a produtividade sem afetar o meio ambiente. Após a etapa teórica, irão para o campo praticar a abertura de roçado sem fogo e sem práticas nocivas ao meio ambiente.

A oficina Roça Sem Fogo é uma realização do Projeto Saúde e Alegria com apoio do BNDES e Fundação Konrad Adenauer. Participarão produtores dos municípios de Santarém, Mojuí dos Campos e Belterra.

Serviço

Município de Mojuí dos Campos. Foto: Henrique Martins

Quando? De 25 a 28 de fevereiro

Quem? Produtores dos municípios de Santarém, Mojuí dos Campos e Belterra

Onde? Centro Experimental Floresta Ativa Tapajós na Comunidade Carão

Empreendedorismo na floresta: jovens de diferentes etnias participam do Festival do Beiradão de Oportunidades

15 de fevereiro de 2019 por Samela Bonfim

Ter renda continua e oferecer à comunidade de origem produtos e serviços necessários são alguns dos anseios dos novos integrantes do Beiradão. O festival oportuniza capacitações e oficinas para os moradores de comunidades distantes dos grandes centros urbanos.

A fase é de formação básica para os jovens das comunidades Vila Amorim, Suruacá, Ukena, Aldeia Pajurá, Surucuá, Vila São Pedro, Mentae,Alto Mentae, Prainha I, Prainha II, São Domingos, Urucureá, Nuquini, Jaguarari, Aldeia Braço Grande, Monte Sião, Aldeia São Pedro, Atrocal, Aldeia Aminã, São Francisco, Capixauã, Maripá, Campo Grande, Pedra Branca, Vila Gorete, Aldeia Solimões, Novo Progresso, Carão, Cachoeirinha, Vila de Boim, Atodi, Arapiranga, Aldeia Vista Alegre e Aldeia Zaire.

Durante quatro dias eles são despertados para o mundo dos negócios.Os mais de cem participantes foram desafiados no primeiro dia a ativar a criatividade para customização de roupas a partir dos instrumentos disponíveis na floresta. A dinâmica propõe a ‘ação fazendo’ como método promissor de solução de problemas. Da técnica surgiram adereços de origem indígena, como cocás, cintos de trançado de palha e roupas customizadas com fita de LED para um desfile.

Na segunda etapa do Beiradão, os jovens foram divididos conforme linha de interesse: Terra: Coleta de sementes, Água: alimentação/ gastronomia, Fogo: energia solar / serviços de eletricidade, Produção de mel, Via láctea: outras áreas e serviços e Humanidade: ecoturismo.

A partir dos temas, os jovens participaram de oficinas específicas com técnicos das respectivas áreas. No Turismo de base comunitária – os empreendedores que pretendem atuar na modalidade conheceram sobre atividades econômicas associadas a essa exploração do turismo.

Outra atividade que atraiu a atenção foi a produção de sementes: “A gente está se propondo a elaborar uma rede de coletores para o viés econômico. Queremos montar uma rede de sementes, para distribuir, vender” explicou o coordenador do CEFA – Steve Mcqueen.

De igual interesse, a meliponicultura ganhou destaque entre as possíveis atuações dos futuros empreendedores. Como produzir mel de maneira sustentável, contribuir para o equilíbrio do ecossistema e gerar renda são curiosidades dos jovens. Darliane Silva, moradora da Aldeia Pajuráno Rio Tapajós escolheu a equipe para entender sobre a atividade:“esse projeto é maravilhoso, porque a gente pega experiência para repassar para os outros jovens. ”

Com 19 anos a indígena pretende sair da comunidade em breve para cursar o ensino superior. Entretanto, quer voltar e abrir u m negócio na região de origem: “Eu penso de buscar novos conhecimentos para a minha aldeia. Mas não penso em sair de lá, porque é maravilhoso” – destaca.

Ailson Godinho da comunidade Anã na região do Arapiuns disse estar animado com a possibilidade de melhorar a produção de mel na região: “é muito bom porque a gente vai aprender sobre empreendedorismo e isso vem despertar interesse pra própria juventude. A gente maneja abelha e a cada curso que tem a gente busca levar para nossa comunidade para nossa produção melhorar cada vez mais” – comentou.

O técnico em Agropecuária do PSA – Alexandre Godinho contou que “a atividade já está acontecendo há algum tempo nas comunidades. Agora com o Beiradão mostramos para a juventude que é possível continuar na comunidade, aumentando a geração de renda através da comercialização do pólen, própolis, mel e a própria caixa. É uma atividade promissora na região” – finaliza.

Próximas etapas

A décima primeira turma do curso de formação de empreendedores de 15 a 29 anos apresenta inovação desde a primeira etapa realizada no Centro Experimental Floresta Ativa na comunidade Carão, Resex Tapajós Arapiuns. Nesse Festival que totaliza 30 horas de atividades os jovens se deparam com novos conhecimentos e realidades.

O coordenador de empreendedorismo Juvenil do PSA – Paulo Lima explicou sobre mudanças: “promover uma nova forma de gerir os projetos que surgirão no Beiradão. Cadeias produtivas que vão surgir como oportunidade para o futuro de empregabilidade, de geração de renda para os jovens que estão aqui. Então, a gente de uma forma divertida, lúdica, com muita participação busca fazer com que essa juventude atente para as oportunidades” – ressalta.

O Projeto Rede Juventude Floresta Ativa que conta com o apoio da Cáritas Suíça e Fundo Amazônia. Para o coordenador de Educomunicação do PSA Fábio Pena o evento contribui fortemente para a geração de renda aos nativos: “a gente vem desenvolvendo um projeto maior que chama-se Floresta Ativa em que a gente apoia de uma forma bem estrutural várias cadeias produtivas que tem potencial pra gerar renda para as comunidades, como produtos da biodiversidade… a ideia desse ano é que os jovens se apropriem dessas pautas com base nesses temas” – conclui.