Final da Copa Floresta Ativa em Anã
Dois dias e o evento mobilizou cerca de mil pessoas. Os jovens deram seu recado no seminário com propostas nas áreas de educação, comunicação, organização, cultura, trabalho e renda, estes foram os temas debatidos nas atividades educativas.
“A juventude de hoje ainda precisa de muito apoio, começando dentro da sua própria casa, mas também precisamos ser olhados pelas pessoas de fora, pelas autoridades. É isso que precisamos, nos sentir valorizados”. A fala é da jovem Regina Melo, da Vila do Amorim durante a abertura do seminário ‘Comunidades da Amazônia pelos direitos das crianças e jovens da floresta’ no evento da final da Copa Floresta Ativa.
Foram dois dias de intensas atividades. O evento ocorreu na Comunidade de Anã entre os dias 22 e 23. A abertura começou com o seminário. Representes da Tapajoara (Associação das Comunidades da Reserva Extrativista Tapajós- Arapiuns), Ceapac (Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária), Projeto Saúde e Alegria (PSA), ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e a diretora da Escola da Comunidade de Anã compuseram a mesa de abertura.
Representantes da juventude na mesa de abertura
Regina Melo tem 22 anos e desde os 8 participa de ações junta a sua comunidade. Atualmente é coordenadora do Grupo de Jovens Unidos em Cristo (JUC) e conta que os desafios são grandes quando o assunto é envolver o jovem na discussão dos problemas da Resex. Ela esclarece que o afastamento em muitos casos se deve a desmotivação do jovem em reuniões por vezes longas e cansativas, e é necessário criar meios e formas de diálogos utilizando uma linguagem que o jovem entenda e se sinta atraído e valorizado.
Rivelino de Sousa Viana, 41 anos, da comunidade de São Pedro também fez parte da mesa representando a juventude. Assim como muitas lideranças ele começou na Pastoral da Juventude e representou naquele momento a lembrança de que todos passaram pela fase das espinhas no rosto. Rivelino diz que é na família a base para que o jovem se sinta seguro e relata. “Eu tenho uma filha de 15 anos e sempre a incentivei a participar das atividades da minha comunidade. O que impede a participação da juventude em muitos casos são a timidez e o medo de errar, então a família deve apoiá-los e serem os primeiros a acreditar na sua capacidade”.
GTs da juventude apontam caminhos
Foram cinco GTs apresentados durante o seminário
Após a abertura os jovens presentes se reunirão em Grupos de Trabalhos-GTs para discutir e propor novas ideias para os problemas já mapeados na Resex pelo PSA. A pesquisa foi realizada em 35 comunidades. O resultado gerou cinco diagnósticos, cada um contendo os problemas apontados pelos adolescentes. No item ‘Organização e Mobilização’ foram apontados cinco problemas dentre eles, ‘Os jovens não se sentem valorizados pelas lideranças e não têm voz lá fora’; ‘Os grupos de jovens precisam de apoio e orientação sobre o que fazer’. Os outros quatro tratam sobre ‘Educação Comunitária e Comunicação’; ‘Educação’; ‘Trabalho e Renda’ e ‘Cultura e Talentos’.
Uma chuva de ideias e propostas foi apresentada pelos GTs aos membros da Tapajoara e convidados como a criação de uma Casa Familiar Rural; reativação das Rádios comunitárias; resgate e revitalização de danças culturais; reuniões mais dinâmicas; criação de cooperativas que possam fortalecer a agricultura familiar e participar de políticas públicas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e uma secretária da juventude na Tapajoara, a jovem que expôs argumenta. “Já participei da reunião da associação e lá quando há reunião todos os representantes falam, então porque não ter um representante do jovem na associação?”. Neste momento a exaltação encheu o barracão com o espirito da juventude, lembrando as características inerentes dessa fase, determinação e coragem.
Edital para iniciativas juvenis
O PSA lança Chamada de Apoio a Iniciativas Juvenis
Depois das apresentações foi anunciando durante o seminário a abertura da Chamada de Apoio a Iniciativas Juvenis Comunitárias pelos Direitos das Crianças e Jovens da Amazônia. Fábio Pena, um dos coordenadores do PSA apresentou o edital.
Está é uma oportunidade para que o jovem e a sua comunidade possam por em prática as ideias sugeridas através da chamada de apoio. Ele explicou como irá funcionar a chamada e os projetos podem ser conduzidos pelos jovens e seus apoiadores como professores, educadores populares e lideranças comunitárias.
O lançamento da chamada não poderia ser em melhor momento. A Copa Floresta Ativa não está vinculado somente ao esporte, mas acima de tudo a parte educativa, este é o foco que cumpre o papel do PSA juntamente com os parceiros.
O edital foi escrito de forma bem didática, direcionada para os jovens. O PSA e parceiros irão selecionar as melhores ideais e ajudarão com capacitação, apoio técnico e material. O objetivo da chamada é incentivar os jovens a buscarem soluções para os problemas comunitários, principalmente relacionados às crianças e adolescentes. As iniciativas podem ser de cunho social, educativo, ambiental, econômico e cultural.
Créditos das Fotos: Rafael Serique