Mercados Diferenciados é tema de oficina amanhã nas comunidades

5 de junho de 2015 por Lilian Campelo

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Produtos orgânicos, produzidos de sistemas produtivos de base ecológica se diferenciam de outros que são fabricados em larga escala. A esses produtos podemos dizer que se encontram em um mercado de nicho, ou melhor, Mercados Diferenciados.

É sobre esse assunto que o Projeto Saúde e Alegria irão realizar uma oficina amanhã nas comunidades de Vila e Cabeceira do Amorim.

Foram convidados a participar os comunitários em RB das comunidades de Uquena, Vila de Amorim, Enseda do Amorim, Cabeceira de Amorim, Limãotuba, Pajurá e Brinco das Moças.

Mercado Diferenciado

É o mercado de nicho, que atribui um valor aos produtos pelas suas características diferenciadas daqueles que são produzidos em grande escala, ou seja, produtos que possuem identificação de origem, diferencial orgânico, oriundos da sociobiodiversidade e/ou do comércio justo.

A pauta da oficina irá discutir sobre:

  1. A importância dos agricultores extrativistas na produção de alimentos, que abastecem a mesa de todas as famílias. Ou seja, o agroextrativista é um profissional do qual precisamos todos os dias. E que, portanto, precisa ser valorizado.
  2. Diversificação dos Processos produtivos hoje existentes nas comunidades da Resex;
  3. Formas alternativas de agregação de valor aos produtos e serviços da “economia da floresta” e com isso, não conseguem atender as demandas de um mercado crescente, cada vez mais interessado em produtos naturais, saudáveis e com características diferenciadas;
  4. Potencial da biodiversidade (produtos da Floresta) como fonte para a geração de bens e serviços – estratégias para a construção de alternativas econômicas;
  5. Como funciona a comercialização de “PRODUTOS E MERCADOS DIFERENCIADOS”. Um programa que promove agregação de valor socioambiental e geração de renda para o segmento agroextrativista através do manejo adequado da biodiversidade, do cultivo das plantas medicinais, dos produtos orgânicos e do acesso aos mercados. Tudo isso com base nos princípios do comércio justo e solidário.

Atividades de Meliponicultura mobilizam comunidades da Resex Tapajós

6 de março de 2015 por Adriane Gama

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Meliponicultura, um nome que cada vez mais vem se destacando na região, refere-se à criação de abelhas nativas sem ferrão, a qual pode contribuir muito com a diversificação e uso sustentável da terra na Amazônia. Essas abelhas, as quais produzem saboroso mel com propriedades medicinais, podem garantir a sobrevivência de plantas nativas e cultivadas, graças ao seu papel ecológico fundamental como polinizadoras.

Com intuito de difundir essa prática na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns (Resex), nos dias 26 e 27 de fevereiro, foi realizado um Curso de Meliponicultura, na Vila do Amorim, facilitada pelo técnico em manejo de abelhas do Projeto Saúde & Alegria (PSA), Alexandre Goudinho, com o apoio de uma equipe destacada do projeto formada pelo técnico em agropecuária, Silvano Martins e pelas biólogas Ândrea Colares e Adriane Gama. Esta oficina contou também com a colaboração da escola e de uma família local como apoio na alimentação. Para as práticas com as melíponas, foi usada a estrutura do meliponário cedido pelo participante da Vila do Amorim, Nilson Paz.

Este curso, faz parte das atividades técnicas sobre Boas Práticas de Produção, Beneficiamento e Fornecimento de Serviços, da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), no qual capacita beneficiários do INCRA interessados no manejo de abelhas sem ferrão com o objetivo de enfatizar a potencialidade desta atividade para a agricultura familiar nas comunidades ribeirinhas. Dessa forma, a Meliponicultura pode ser mais uma alternativa econômica que agrega renda extra aos comunitários, em sintonia com o uso racional e sustentável de recursos naturais, envolvendo outras iniciativas, como educação ambiental e turismo comunitário.

Estavam presentes neste curso, representantes de seis comunidades da região do Lote 10 do ATER – PSA: Cabeceira do Amorim, Brinco da Moças, Enseada do Amorim, Mapirizinho, Uquena, Limãotuba e Vila do Amorim. Foram dois dias de vivência na cultura das abelhas sem ferrão. Depois de muita chuva, no início das aulas na escola, o sol apareceu e manteve-se na maioria do tempo, contribuindo com as aulas de campo.

Os participantes tiveram aula teórica que abordava conteúdos referentes a morfologia das Meliponidae (abelha sem ferrão), sua distribuição geográfica, períodos de floração, tipos de ninho e alimentos, predadores naturais e estrutura das colônias de meliponídeos. Na parte prática, os agricultores com devidas roupas de proteção, tiveram orientações sobre técnicas de captura, transferência e divisão de colônias, tanto in natura (tronco da árvore) quanto nas caixas, construção e posição de meliponários, como alimentar artificialmente determinadas espécies e por fim, coleta e armazenamento do mel das abelhas.

O resultado foi bastante satisfatório para todos os alunos neste segundo encontro (o primeiro aconteceu no final do ano passado no Centro Experimental Floresta Ativa do PSA na Resex). Todos estavam muito empenhados e cuidadosos a seguir todas as etapas do manejo destas abelhas, aliando suas experiências com as técnicas da meliponicultura. No final, os participantes receberam um material de aprendizagem, e por comunidade, foi doada uma caixa modelo montada para que cada um possa iniciar suas atividades em seus meliponários. Ainda houve um brinde coletivo com direito a degustação de mel.

De acordo com o técnico Alexandre, meliponicultor há 10 anos, esta realização foi positiva pela forte presença das comunidades, atendendo a meta do projeto de desenvolver atividades do ATER para os moradores que se inscreveram na oficina. “Com relação às aulas, conseguimos exercitar uma atividade considerada nova na Resex, que tem dado certo em algumas comunidades, apresentando um modelo, levando em consideração a prática do dia a dia do morador”, aponta o produtor.

O técnico ainda pontua que “o curso foi completo, trabalhando paralelamente com o social, ambiental, comercialização do produto e organização do grupo. O fator principal disso, foi desenvolver uma atividade recente, que se fala em preservação ambiental, melhoramento da renda familiar, com abordagem na organização social, como acontece dentro de uma colmeia. Inclusive, dentro dessa prática de manejo, a gente pode verificar durante todo o curso, como esse processo está sendo discutido no projeto de ATER”.

Por sua vez, os participantes estavam muito entusiasmados. Para Ronaldo Lopes, produtor da comunidade de Uquena, disse que “o curso serviu para aprimorar mais meus conhecimentos e que a partir de agora, é colocar em prática o que nós aprendemos para poder repassar com mais segurança, as técnicas e vivências com essas espécies, para os iniciantes”.

Já para a moradora de Brinco da Moça, Dona Mercedes Farias, suas expectativas foram alcançadas sendo que o mais interessante para ela foi conhecer a organização social das abelhas e como retirar o mel diretamente dos potes, seja ele do interior das árvores ou do meliponário. A produtora ainda disse que “esta atividade com as abelhas sem ferrão pode ser uma boa opção para o desenvolvimento econômico da minha comunidade sem causar danos ao meio ambiente”.

Fotos: Adriane Gama, Ândrea Colares e Silvano Martins

Musas (e você) constroem Fábrica de Ração

10 de junho de 2014 por Bob Barbosa

Clique na imagem abaixo e assista ao vídeo das Musas:

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=mU3BnQvdtPg[/youtube]As Mulheres Sonhadoras em Ação (MUSA) da Vila do Anã, Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, criam peixes em viveiros e produzem a ração, orgânica e artesanal. Agora, precisam construir uma fábrica mais adequada ao trabalho delas. Em http://goo.gl/3eCWzG você se informa sobre como colaborar!

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Projeto Floresta Ativa mobiliza Resex Tapajós Arapiuns

30 de abril de 2014 por Fábio Pena

IMG_4561.redimensionadoIniciativa oferece novas oportunidades de desenvolvimento sustentável na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns. Com a implantação de um Centro de Tecnologias Socioambientais Apropriadas, comunitários terão espaço para experiências demonstrativas e formação em novas técnicas de manejo dos recursos naturais.

Por Carlos Joseph

No contexto econômico a Amazônia é vista como uma região de grande potencial produtivo, porém suas riquezas, na maioria das vezes, são exploradas por grandes empresas que impõem um modelo econômico com sérios impactos ambientais e também sociais, uma vez que na maioria das vezes deixa as populações tradicionais em segundo plano. Para inverter esta lógica de produção e promover a preservação ambiental são realizadas as ações do Programa Floresta Ativa.

O Floresta Ativa executado na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós Arapiuns, localizada no oeste do estado do Pará, e envolve todas as comunidades da área. O programa é fruto de um conjunto de parcerias, lideradas pelo Projeto Saúde e Alegria – PSA, Instituto Chico Mendes – ICMBio, gestor da reserva, e Organização das Associações das Comunidades da Resex – TAPAJOARA, entidade que representa legalmente os moradores da área.

O principal objetivo do Floresta Ativa é incentivar a geração de renda e o desenvolvimento sustentável dos moradores da Resex através do melhor aproveitamento dos recursos naturais. De acordo com o sociólogo Tibério Alloggio, da coordenação do Projeto Saúde e Alegria, a intenção é estabelecer uma nova referência de desenvolvimento sustentável na reserva. “A ideia é mostrar que o potencial econômico da Amazônia não é apenas patrimônio das grandes empresas. É começar a enxergar uma melhora da renda dessas populações potencializando práticas do dia a dia, como o extrativismo sustentável”, explica Tibério.

A Resex Tapajós Arapiuns é uma das maiores unidades de conservação do Brasil. Cerca de 22 mil habitantes vivem em 74 comunidades, originadas em antigas vilas de missões religiosas e aldeias indígenas. A reserva foi criada em 1998 após intensa luta dos moradores contra empresas madeireiras que exploravam de forma predatória a área. Após a conquista fundiária agora o debate se dá em encontrar soluções que promovam o desenvolvimento econômico sustentável das comunidades. Trata-se de um desafio comum a muitas outras unidades de conservação existentes do país, criadas em territórios onde haviam intensas disputas pela ocupação da terra por interesses econômicos diversos que em geral não contemplavam as comunidades que tradicionalmente vivem nessas áreas. Após a conquista do ordenamento territorial, impõem-se o desafio da viabilidade socioeconômica, o que passa pelo fortalecimento do manejo dos recursos existentes de forma economicamente viável e ambientalmente sustentável.

Extrativismo: potencial pouco aproveitado

IMG_1346.redimensionadoEntre as ações propostas pelo Floresta Ativa está o incentivo ao melhor aproveitamento da área para expansão de atividades extrativistas. Uma das formas de se obter isso é através de assistência técnica, que este ano começou a chegar aos comunitários da Resex através do Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural para Extrativistas – ATER Extrativista. O programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário é coordenado pelo Incra e na Resex tem apoio do ICMbio e TAPAJOARA. A execução do ATER é feita por entidades selecionadas através de chamada Pública. O Projeto Saúde e Alegria ficará responsável diretamente por dois lotes, que contemplam uma área de 23 comunidades. As outras entidades, responsáveis por um lote cada, são: IPAM, CEAPAC e ECOIDEIAS. A proposta é que as entidades executoras trabalhem de forma articulada umas com as outras para que haja integração do ATER com outras ações do Floresta Ativa.

O extrativismo sustentável, proposto pelo Floresta Ativa, é uma alternativa viável de desenvolvimento da Resex. Entre os produtos que podem ser explorados estão óleos naturais, sementes, folhas, cascas de árvores e muitos outros que despertam interesse até mesmo de grandes indústrias farmacêuticas e de cosméticos. “Tem muitas espécies da floresta que podem sem exploradas pelos comunitários, tucumã, inajá, babaçu e etc. E tem mercado para esses produtos. Então a partir do momento que você tem uma política de organização comunitária e sabe como coletar isso você terá uma renda bem melhor”, afirma Carlos Dombroski, técnico em organização comunitária que faz parte da coordenação do Floresta Ativa. Leia o resto desse post »

A irracionalidade do ICMS em um exemplo na Amazônia

20 de março de 2014 por Caetano Scannavino

Andiroba, murumuru, buriti, cupuaçu, babaçu, ucuuba, pracaxi, patauá, castanha, açaí, cacau são alguns dos chamados produtos da sociobiodiversidade*. Formam junto com outras espécies os pés que mantém a floresta em pé.

Tem alta demanda de mercado, principalmente pelas industrias cosméticas para produção de sabonetes, cremes, shampoos e perfumes. E não são exclusividade dos grandes, já que fazem parte dos itens produzidos também pelos povos tradicionais e agricultores familiares da Amazônia, muitos deles organizados em cooperativas comunitárias.

Diante de todo esse potencial da economia da floresta, temos apoiado as comunidades da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (oeste do Pará) através do Programa FLORESTA ATIVA, que prevê diversas ações (Saf’s, reposição florestal, etc), entre elas a montagem de unidades de beneficiamento para agregar valor a produção (óleos vegetais e essenciais, polpas e derivados), sempre melhor do que a venda “in natura”. O desafio é promover a inclusão social a partir da produção sustentável, um passo seguinte e que vai além de programas como o Bolsa-Família.

Para isso, começamos a fazer alguns levantamentos preliminares, e nos deparamos com a seguinte situação no Pará: em função  das diferentes alíquotas do ICMS (imposto de competência estadual sobre a circulação de mercadorias), em alguns casos SAI MAIS EM CONTA ENCAMINHAR PRODUTOS DA NOSSA SOCIOBIODIVERSIDADE PARA PROCESSAMENTO EM SÃO PAULO DO QUE ENVIÁ-LOS PARA AS INDÚSTRIAS PARAENSES.

Esta distorção fica clara, tomando como exemplo o óleo de andiroba da zona produtora de Tomé-Açu/PA, apenas 200 km de Belém, com custos de entrega (transportes + impostos) de R$ 22,78/kg para capital paraense, frente aos R$ 21,91/kg para São Paulo, um trajeto de quase 2.800 km.Ao estimular o processamento das matérias-primas vegetais lá fora, quem mais perde é o Pará, a começar pelas oportunidades de desenvolvimento local, de verticalização das cadeias produtivas, empregos, qualificação de mão-de-obra, inclusão da populações de baixa renda, enfim, de VALORIZAÇÃO DA ECONOMIA DA FLORESTA EM PÉ, a vocação da Amazônia, diferentemente dos campos de soja ou pastos.

Guerras fiscais a parte, a solução ideal para o País seria a tão prometida reforma tributária, de preferencia justa e redistributiva. Mas enquanto não acontece, é importante que nossos tomadores de decisão implementem medidas que sejam mais amplas do que incentivos pontuais para alguns poucos produtos (castanha, açaí, cacau). Nem sempre com estímulos para sua verticalização. No caso do cacau, por exemplo, a isenção do ICMS é sobre o produto in natura (amêndoa), não para a manteiga, também produzida pelas cooperativas comunitárias.

É preciso de estratégias que alavanquem como um todo o mercado de Não-Madeireiros “MADE IN PARÁ”, com atenção também às cadeias produtivas de interesse dos povos tradicionais e agricultores familiares, por sinal os que mais precisam de Governo, apoio e assistência técnica.

Caetano Scannavino / Projeto Saúde e Alegria

(*) Produtos da Sociobiodiversidade: “Bens e serviços (produtos finais, matérias primas ou benefícios) gerados a partir de recursos da biodiversidade, voltados à formação de cadeias produtivas de interesse de povos e comunidades tradicionais e de agricultores familiares, que promovam a manutenção e valorização de suas práticas e saberes, e assegurem os direitos decorrentes, gerando renda e promovendo a melhoria de sua qualidade de vida e do ambiente em que vivem” (PNPSB – MDA/MMA/MDS)

Assistência Técnica e Extensão Rural chega na Resex Tapajós-Arapiuns

12 de fevereiro de 2014 por Fábio Pena

viveiroO Projeto Saúde e Alegria iniciou em janeiro de 2014 um desafiador projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER para comunidades da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós – Arapiuns, por meio de um contrato com o Ministério do Desenvolvimento Agrário através do INCRA para oferecer assistência adequada às comunidades no melhor aproveitamento do potencial produtivo da Resex. O serviço busca fortalecer a produção, a gestão e a comercialização de produtos da agricultura familiar e do extrativismo, com o uso racional dos recursos naturais, visando a melhoria da renda e a inclusão social da população.  É a primeira vez que o Governo Federal destina recursos de assistência técnica específico para a realidade dos agroextrativistas.

O primeiro mês de 2014 trouxe esta boa notícia para as comunidades da Resex Tapajós-Arapiuns.  Organizações que vão atuam no Programa de ATER percorreram as 74 comunidades que compõe o território anunciando o início do projeto. O Saúde e Alegria, uma das organizações contratadas pelo INCRA para realizar este serviço, realizou 09 Oficinas apresentando o Plano de trabalho que será executado. Na oportunidade, os comunitários puderam entender o que é ATER e conhecer a equipe que vai atuar em suas comunidades, como engenheiros agrônomos e florestais, técnicos agrícolas e profissionais da ciências humanas. Foi um momento considerado por muitas lideranças como histórico para a Resex, e por isso, também festivo, como um passo importante para demonstrar a viabilidade econômica, social e ambiental deste território diante da necessidade do desenvolvimento sustentável e a melhoria de vida dos moradores.

Por Carlos Joseph

Despertar para novas oportunidades na Resex Tapajós Arapiunspovofestivo

Fornecer assistência técnica é um dos caminhos para incentivar atividades produtivas. Em todo o Brasil diversos programas foram criados com este objetivo, porém a realidade de comunidades extrativistas nunca havia sido contemplada. A falta de assistência especifica para esta atividade resultou no esquecimento ou subutilização de produtos que explorados racionalmente, pode melhorar a condição socioeconômica de populações tradicionais, principalmente em Reservas Extrativistas.

Foi a partir da análise desta situação que o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), como resultado do Encontro “Chamado dos Povos da Floresta”, realizado em 2011, apresentou ao Governo Federal como uma de suas maiores prioridades, uma assistência técnica adequada para a realidade dos extrativistas. A partir daí o Governo Federal, através de uma ação interministerial coordenado pelo Programa Brasil sem Miséria, lançou o Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) Extrativista. O programa beneficiará 26 mil famílias que vivem em Unidades de Conservação, entre elas a Resex Tapajós Arapiuns no Oeste do Pará.

A ATER Extrativista concentra investimentos dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Ministério do Meio Ambiente. As ações são coordenadas pelo INCRA e serão executadas em dois anos e meio por entidades selecionadas através de chamada pública. “O INCRA tem a responsabilidade de prestar assistência técnica aos beneficiários da reforma agrária, mas não tem condições de fazer com a equipe que tem, por isso, contrata organizações e empresas que possam executar esse serviço”, explica Rubens Françoise. As entidades executoras na organização social, visando fortalecer o associativismo e o cooperativismo, no acompanhamento técnico para implantação de atividades produtivas, e nas estratégias de comercialização dos produtos. Uma cadeia de ações, que visa o incremento da renda e segurança alimentar e a inclusão social de famílias agroextrativistas. Trata-se também de uma das estratégias para diminuir a dependência dos programas de transferência de renda.

As entidades prestadoras foram selecionadas de acordo com lotes. Na Resex Tapajós Arapiuns são cinco lotes, sendo que em dois deles (abrangendo 26 comunidades e 1254 famílias, de Vila Franca a Surucuá) os trabalhos são conduzidos pelo Projeto Saúde Alegria. Os demais serão executados pelo CEAPAC, IPAM e ECOIDEIAS. Na Resex o programa tem apoio do Instituto Chico Mendes – ICMBIO e da Organização das Associações da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns – TAPAJOARA.

A TAPAJOARA representa legalmente os moradores e é responsável por promover a gestão participativa da reserva. Segundo Leônidas Farias, presidente da organização, a ATER Extrativista  representa uma resposta a um anseio antigo dos comunitários. “Todas as famílias buscam obter renda de alguma forma e nós sempre lutamos para melhorar a condição econômica das comunidades. Porém, uma das principais dificuldades enfrentadas era a falta de assistência técnica nas propriedades. Este programa vem preencher esta lacuna e a expectativa é que as coisas realmente melhorem para todos”, declara Leonidas.

A expectativa do presidente da TAPAJOARA também é compartilhada por outros moradores da Resex. Seu Laurimar Lopes, 51 anos, morador da Comunidade Carão, é um dos que serão beneficiados com a assistência e não consegue esconder a empolgação. A família dele planta mandioca, mas conhece o potencial existente nas atividades extrativistas. “Por muito tempo a gente esperava essa assistência técnica. Eu acredito que agora vai ter uma melhora, pois estamos nos mobilizando pra ter melhores condições de vida no nosso manejo”, declara Laurimar. Leia o resto desse post »

XIII Teia Cabocla: Desafios do território, como enfrentá-los?

8 de dezembro de 2013 por Paulo Lima

desafiosteia.redimensionado Ultimo dia da Teia Cabocla define metas e estratégias para superar desafios

Por Carlos Joseph

No último dia (07/12/2013) da XII Teia Cabocla foram finalizados os trabalhos de discussão sobre o desenvolvimento territorial e desafios da juventude na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós – Arapiuns. As atividades nos três dias foram desenvolvidas a partir da seguinte trajetória: relembrar as lutas sociais pela conquista do território, avaliar os atuais desafios e como o jovem lida com eles e por último estimular a sugestão de estratégias concretas para superar os desafios identificados durante o encontro.

Tais estratégias concretas tem relação direta com ativismo e para auxiliar na elaboração dos planos, os participantes da Teia Cabocla tiveram um bate papo com Marcelo Marquezine da Escola de Ativismo. A Escola de Ativismo é uma organização que dá suporte a diversos movimentos sociais em todo o Brasil e o ativismo é a prática da luta por um bem comum. Marquezine deixa claro porém, que essa luta não pode ser confundida com violência. “Temos que saber o limite do que fazer para não chegar à violência. Por mais justo que a causa possa parecer é preciso sempre evitar a violência”, explica Marcelo.

Um bom exemplo de ativismo foram as manifestações de julho deste ano no Brasil, onde um movimento, pela redução da passagem de ônibus em São Paulo, desencadeou diversos outros manifestos que mobilizaram, segundo o IBOPE, 12 milhões de pessoas em todo Brasil. Marcelo usou este exemplo para explicar que a prática do ativismo demanda um bom planejamento e é necessário evitar manifestações motivadas apenas por empolgação. “Vamos ser ativistas, mas não no ‘oba oba’. Tem que ter tática, estratégia. É preciso saber se é a hora certa daquela ação e nunca entrar de peito aberto, se necessário procure um advogado antes.”, enfatiza.

O ativista ressaltou ainda que em qualquer ação é necessário pensar em comunicação, chamar atenção para a causa. É importante que os objetivos e reivindicações sejam claros e definidos. Hoje em dia o ativismo está muito ligado à internet pela facilidade que a rede proporciona em desenvolver esta comunicação necessária, além de compartilhar informações e criar conexões.

Ações concretas propostas na Teia Cabocla

A partir das dicas de ativismo os participantes do evento se reuniram em cinco grupos de trabalho para traçar metas específicas de ação sobre os temas: participação juvenil, educação (ensino médio de qualidade), trabalho e renda e acesso à informação/direito à comunicação. Esta última etapa do evento se justifica pelo princípio de que não basta apenas levantar e reconhecer os problemas existentes, mas também é necessário partir para ação almejando alcançar as mudanças necessárias.

Temas discutidos na última atividade da Teia Cabocla:

gruposteia.redimensionadoOrganização e mobilização juvenil:

Este tema é relacionado ao fato de muito jovens não se interessarem pelos movimentos sociais, reuniões de sindicatos e outros grupos de mobilização. Durante o encontro de gerações da Teia Cabocla, que reuniu antigos e novas lideranças em uma mesa redonda, o jovem João Paulo citou esta problemática. “Falta engajamento de muita gente e recebemos muitas críticas por conta desses jovens que não se interessam na defesa do território. Temos muitas dificuldades de fazer as pessoas entenderem que é preciso lutar pelo bem comum”, ressalta a jovem liderança.

Nos grupos de trabalho os jovens identificaram que o problema ocorre, principalmente devido a falta de apoio dos pais, que não incentivam a participação dos filhos e também pelas reuniões não atraírem as atenções dos jovens. Como solução foi proposta que haja reuniões específicas para a juventude que envolva música, dança e outras atividades que atraiam os jovens. Os próprios jovens tomarão à frente para que as mudanças ocorram.

Trabalho e renda:

A dificuldade no acesso à educação de qualidade e a falta de capacitação técnica dificultam a busca por alternativa de geração de renda nas comunidades da Resex. Os participantes destacaram que é preciso estimular o espírito empreendedor do jovem para aproveitar o que pode ser feito com recursos disponíveis na comunidade para gerar renda, mas que é também preciso ter acesso a mais cursos de qualificação em empreendedorismo para inclusão produtiva. O grupo que trabalhou o tema propôs ainda a formação de uma cooperativa mista, dentro do Programa Floresta Ativa do PSA. Esta cooperativa proporcionaria mais renda através do trabalho coletivo e utilizaria de forma sustentável os recursos disponíveis na Resex.

Meio Ambiente:

O principal objetivo da Resex é garantir a conservação dos recursos tradicionalmente utilizados pela população extrativista da área, por isso a preservação do meio ambiente deve sempre ser discutida. A grande problemática relacionada ao tema é que certos fatos, que vão de encontro com o objetivo da Resex, estão passando despercebido pelos moradores das comunidades. Podem ser citados exemplo como a aproximação de madeireiras que invadem os limites da reserva e a construção de hidrelétricas no alto Tapajós.

O grupo que conduziu o tema questionou que este fatos, apesar da importância, não são contextualizados nos jornais e rádios das comunidades e sugeriu criar uma rede de comunicação do meio ambiente para que haja um fluxo de informações entre as comunidades.

Educação:

A dificuldade no acesso ao ensino médio faz com que muitos jovens deixem suas comunidades e migrem para Santarém com a intenção de concluir o ensino básico. Já nas comunidades onde existe acesso ao ensino médio este é ofertado na modalidade modular. De acordo com os jovens da Resex o ensino modular, apesar de ser uma alternativa para concluir o ensino básico, não é adequado.

É necessário que o jovem lute por uma educação de qualidade. O grupo que se aprofundou no tema propôs as seguintes ações para iniciar um movimento por uma educação melhor: Expor a realidade educacional para as comunidades, pautar o assunto em movimentos sociais, nas entidades representativas e organizações sindicais e criar um grupo de estudo e pesquisa sobre o tema. O objetivo desta última proposta é ter um embasamento científico que comprove o problema e identifique o real cenário da educação nas comunidades. Além disso devem lutar por um modelo de ensino médio voltado para os potenciais produtivos da Resex, mais focada, por exemplo,  na profissionalização do jovens para o manejo dos recursos naturais.

Para se avançar nas metas seriam utilizadas as redes sociais para expor a situação e criar espaços de discussão com o tema a “escola que queremos”.

Acesso à informação e direito à comunicação

O acesso à comunicação hoje é uma das formas mais eficientes de se fortalecer as lutas sociais em busca do bem comum. Como enfatizou Marcelo Marquesine da Escola de Ativismo, em qualquer ação é necessário pensar em comunicação.

Nos últimos anos houve avanços significativos neste sentido dentro da Resex com a instalação de telecentros e ampliação da cobertura telefônica. Porém, ainda há muito o que se conquistar. Nesta perspectiva se propôs intensificar a cobrança pela agilidade na instalação de novos telecentros. Uma forma de pressionar por esta agilidade é expor os problemas na imprensa local e denunciar através de vídeos e postagem nas redes sociais

Outra proposta é se organizar para que se conquiste a concessão de sinais de rádios comunitárias, transformando rádios postes em FM. Outro bandeira de luta é cobrar a ampliação do Programa Luz Para Todos para facilitar a utilização de aparelhos eletrônicos de comunicação. Chama a atenção o atraso da implementação do Programa Telecentros.BR que já entregou equipamentos e mobiliários para vários Telecentros Comunitários mas entraves burocráticos impedem a instalação desses espaços de acesso à informação, cultura, educação e comunicação. Como proposta os jovens indicaram a organização de uma campanha nas redes sociais e abaixo assinado para dar visibilidade ao problema.

Protagonismo juvenil

A grande lição deixada pela XII Teia da Comunicação é de que o futuro da Resex está nas mãos dos jovens. As decisões tomadas hoje, bem como as atitudes adotadas, influenciarão diretamente no desenvolvimento territorial da reserva.

O jovem tem a força, audácia e motivação para superar os desafios e mostrou, que ao contrário do que se pensa, está disposto participar ativamente da luta pelo bem comum.

 

Campo do conhecimento

2 de agosto de 2013 por Elis Lucien

Desenho retirado do jornal Aminã Hoje, 5ª ed.

A escola São Jorge da Aldeia do Aminã continua em atividade. Os funcionarios da escola e do projeto Mais Educação estão sempre juntos para execução de trabalhos à exemplo o  Canteiro Sustentável que há pimentões amarelos, verdes e tomate todos já em ponto de colheita e serem apreciados na merenda escolar.

Enquanto que o campo do conhecimento e arte literatura os alunos estão animados. pois conseguem ver a natureza de perto através dos binóculos, microscópios e realizam várias atividades de acordo com os materiais propostos. Já no esporte e lazer o futsal e os alunos estão e vão com tudo. Brincam e ficam animados e assim participam de todas as modalidades.

Turismo Comunitário com Saúde & Alegria no TAM nas Nuvens

4 de outubro de 2012 por Fábio Pena

Você sabe o que é turismo comunitário? Pois a repórter Renata Simões, da TV TAM NAS NUVENS foi visitar as comunidades ribeirinhas de Urucureá, Anã e Atodi, no município de Santarém, para conhecer esta nova modalidade turística junto ao Projeto Saúde & Alegria, que tem apoio do Núcleo Oikos e da TAM. O vídeo será exibido nos vôos da TAM e ajudará a promover ainda mais nossa região como destino de turismo responsável na Amazônia.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=paXxYr4d4MI&feature=share[/youtube]

 

 

 

Semana da Agroecologia

7 de maio de 2012 por Elis Lucien

O Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária – CEAPAC realiza a Semana da Agroecologia no período de 07 à 11 de Maio de 2012. Esta sétima edição traz o tema: Agroecologia versus Mudanças Climáticas.

Com a finalidade de destacar a agroecologia como diferencial para a produção e desenvolvimento local e disseminar as experiências desenvolvidas pelas comunidades com assessoria do CEAPAC.

Além do seminário temático a programação conta com: Feira de produtos agroecológicos, alimentos, artesanatos e várias oficinas;  dentre elas a  Extração e uso de óleos da floresta, a Meliponicultura urbana, o Artesanato em fibra do curauá fechando a parte das oficinas à apresentação das experiências com Sistema Agroflorestais das comunidades de Sumaúma e Lírio do Vale (PA Tapera Velha).

Maiores informações: Trav. Agripina de Matos, 203 – B. Laguinho