Atividades de Meliponicultura mobilizam comunidades da Resex Tapajós

6 de março de 2015 por Adriane Gama

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Meliponicultura, um nome que cada vez mais vem se destacando na região, refere-se à criação de abelhas nativas sem ferrão, a qual pode contribuir muito com a diversificação e uso sustentável da terra na Amazônia. Essas abelhas, as quais produzem saboroso mel com propriedades medicinais, podem garantir a sobrevivência de plantas nativas e cultivadas, graças ao seu papel ecológico fundamental como polinizadoras.

Com intuito de difundir essa prática na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns (Resex), nos dias 26 e 27 de fevereiro, foi realizado um Curso de Meliponicultura, na Vila do Amorim, facilitada pelo técnico em manejo de abelhas do Projeto Saúde & Alegria (PSA), Alexandre Goudinho, com o apoio de uma equipe destacada do projeto formada pelo técnico em agropecuária, Silvano Martins e pelas biólogas Ândrea Colares e Adriane Gama. Esta oficina contou também com a colaboração da escola e de uma família local como apoio na alimentação. Para as práticas com as melíponas, foi usada a estrutura do meliponário cedido pelo participante da Vila do Amorim, Nilson Paz.

Este curso, faz parte das atividades técnicas sobre Boas Práticas de Produção, Beneficiamento e Fornecimento de Serviços, da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), no qual capacita beneficiários do INCRA interessados no manejo de abelhas sem ferrão com o objetivo de enfatizar a potencialidade desta atividade para a agricultura familiar nas comunidades ribeirinhas. Dessa forma, a Meliponicultura pode ser mais uma alternativa econômica que agrega renda extra aos comunitários, em sintonia com o uso racional e sustentável de recursos naturais, envolvendo outras iniciativas, como educação ambiental e turismo comunitário.

Estavam presentes neste curso, representantes de seis comunidades da região do Lote 10 do ATER – PSA: Cabeceira do Amorim, Brinco da Moças, Enseada do Amorim, Mapirizinho, Uquena, Limãotuba e Vila do Amorim. Foram dois dias de vivência na cultura das abelhas sem ferrão. Depois de muita chuva, no início das aulas na escola, o sol apareceu e manteve-se na maioria do tempo, contribuindo com as aulas de campo.

Os participantes tiveram aula teórica que abordava conteúdos referentes a morfologia das Meliponidae (abelha sem ferrão), sua distribuição geográfica, períodos de floração, tipos de ninho e alimentos, predadores naturais e estrutura das colônias de meliponídeos. Na parte prática, os agricultores com devidas roupas de proteção, tiveram orientações sobre técnicas de captura, transferência e divisão de colônias, tanto in natura (tronco da árvore) quanto nas caixas, construção e posição de meliponários, como alimentar artificialmente determinadas espécies e por fim, coleta e armazenamento do mel das abelhas.

O resultado foi bastante satisfatório para todos os alunos neste segundo encontro (o primeiro aconteceu no final do ano passado no Centro Experimental Floresta Ativa do PSA na Resex). Todos estavam muito empenhados e cuidadosos a seguir todas as etapas do manejo destas abelhas, aliando suas experiências com as técnicas da meliponicultura. No final, os participantes receberam um material de aprendizagem, e por comunidade, foi doada uma caixa modelo montada para que cada um possa iniciar suas atividades em seus meliponários. Ainda houve um brinde coletivo com direito a degustação de mel.

De acordo com o técnico Alexandre, meliponicultor há 10 anos, esta realização foi positiva pela forte presença das comunidades, atendendo a meta do projeto de desenvolver atividades do ATER para os moradores que se inscreveram na oficina. “Com relação às aulas, conseguimos exercitar uma atividade considerada nova na Resex, que tem dado certo em algumas comunidades, apresentando um modelo, levando em consideração a prática do dia a dia do morador”, aponta o produtor.

O técnico ainda pontua que “o curso foi completo, trabalhando paralelamente com o social, ambiental, comercialização do produto e organização do grupo. O fator principal disso, foi desenvolver uma atividade recente, que se fala em preservação ambiental, melhoramento da renda familiar, com abordagem na organização social, como acontece dentro de uma colmeia. Inclusive, dentro dessa prática de manejo, a gente pode verificar durante todo o curso, como esse processo está sendo discutido no projeto de ATER”.

Por sua vez, os participantes estavam muito entusiasmados. Para Ronaldo Lopes, produtor da comunidade de Uquena, disse que “o curso serviu para aprimorar mais meus conhecimentos e que a partir de agora, é colocar em prática o que nós aprendemos para poder repassar com mais segurança, as técnicas e vivências com essas espécies, para os iniciantes”.

Já para a moradora de Brinco da Moça, Dona Mercedes Farias, suas expectativas foram alcançadas sendo que o mais interessante para ela foi conhecer a organização social das abelhas e como retirar o mel diretamente dos potes, seja ele do interior das árvores ou do meliponário. A produtora ainda disse que “esta atividade com as abelhas sem ferrão pode ser uma boa opção para o desenvolvimento econômico da minha comunidade sem causar danos ao meio ambiente”.

Fotos: Adriane Gama, Ândrea Colares e Silvano Martins

Crianças ribeirinhas fazendo arte comunitária

29 de janeiro de 2014 por Adriane Gama

crianca_circoIniciaram-se nos dias 17 a 19 de janeiro, as atividades do ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) do Incra realizadas pelo Projeto Saúde e Alegria nas comunidades ribeirinhas da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. Nesta viagem, três comunidades pólos do Lote 11 sediaram este evento com a participação das comunidades do entorno, como Capixauã (Vista Alegre e Novo Progresso), Pedra Branca (Solimões) e Maripá (Vila Franca, Santi, Campo Grande, Carão, Curipatá). Paralelo às oficinas de apresentações, uma equipe de arte-educadoras estiveram acompanhando esta primeira ação com um trabalho direcionado para o público infanto-juvenil.

Enquanto os adultos estavam atentos às informações sobre o ATER, as arte-educadoras Adriane Gama e Elis Lucien conduziram a criançada para as áreas livres das escolas, com a participação de 120 crianças ribeirinhas, entre 3 a 16 anos, com o apoio dos diretores, colaboradores e lideranças locais.

Nos três encontros intercomunitários, as atividades sócio-educativas aconteceram durante o dia, com várias dinâmicas interativas e metodologia participativa e lúdica com o intuito de estimular a percepção e pertencimento local da criança. Na Sessão Desenho Livre com o tema gerador Meio ambiente, por exemplo, após a roda de conversa sobre este assunto, cada participante desenhava sua comunidade, com um olhar voltado para o seu território e elementos baseados no contexto da sua realidade social e familiar.

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