Carta de incentivo às iniciativas juvenis ribeirinhas

29 de setembro de 2015 por Adriane Gama

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Alô, jovens ativos ribeirinhos! Você e seu grupo, que tem uma boa ideia para realizar, mas sem apoio para fazer, chegou a hora! Coloque sua ideia em prática pois está aberta a 2ª Chamada de Apoio a Iniciativas Juvenis Comunitárias. O PSA e seus parceiros vão selecionar as melhores ideias e ajudar com capacitação, apoio técnico e material para o seu projeto funcionar.

Esta é mais uma oportunidade para os jovens que se preocupam com a sua realidade local e entendem que seus desafios são também compartilhados por outros jovens na comunidade. Podem se inscrever projetos de grupos/ coletivos das comunidades da Resex Tapajós-Arapiuns, margem esquerda do Rio Arapiuns e Floresta Nacional do Tapajós. Serão selecionados 20 projetos que tenham por objetivo promover ações colaborativas que envolvam crianças, adolescentes e jovens. Sua comunidade pode inscrever mais de um projeto, mas só um será selecionado e apoiado para esta etapa.

A novidade da vez é que também poderão ser apoiados projeto de redes de grupos de jovens que envolvam mais de uma comunidade, desde que haja engajamento e a mobilização da juventude em seu território como um todo. Por exemplo, se o grupo de jovens de duas ou mais comunidades quiserem realizar uma iniciativa/ação integrada, podem apresentar um projeto coletivamente, desde que tenha caráter educativo e relacionado aos direitos das crianças e jovens.

II_enc_tipitiEntão, que tal agora deixar a criatividade fluir, reunir um grupo de adolescentes e jovens da sua comunidade e buscar apoio de algum educador, liderança ou grupo da comunidade. Fique ligado pois o prazo de entrega de projeto é até o dia 12 de outubro de 2015. Aproveite esta chance e siga as orientações do folheto da Chamada que vem com uma proposta de roteiro. Boa sorte e seja mais um protagonista juvenil!

Contato: Envie o projeto para: jovem@saudeealegria.org.br ou entregue no escritório do PSA, em nome de Fábio Pena, na Av. Mendonça Furtado, 3979, Bairro da Liberdade, Santarém-PA.

Para tirar dúvidas, entre em contato com nossa equipe na sede do PSA ou por telefone: 3067-8000 ou 99147-5104.

Jovens ribeirinhos participam de audiência pública sobre ensino médio em Santarém

25 de setembro de 2015 por Paulo Lima

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Por Ingrid Natália Godinho e Ádria Fernandes

A audiência ocorreu na última quarta-feira, dia 23 de setembro de 2015, na Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA, e foi conduzida pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará-ALEPA, que constituiu uma Comissão de Estudos da Reforma do Ensino Médio, com o objetivo de coletar dados, propostas para que o legislativo estadual crie um projeto que colabore com a reforma do ensino médio no Estado do Pará.

Na oportunidade, representantes de organizações e instituições, professores, alunos e ex alunos manifestaram seus anseios, suas propostas e suas indignações relacionadas a atual realidade da Educação do Ensino Médio aqui na Região.

No Oeste do Pará, são constantes as manifestações, reclamações da comunidade escolar e da sociedade sobre o abandono em que se encontra o ensino médio. Na cidade de Santarém, são prédios com mais de 20 anos sem reforma, e nos casos em que são feitas, as obras ficam paralisadas ou com muito tempo sem conclusão. As graves dos professores são recorrentes, reivindicando melhores condições salariais e melhor estrutura para o trabalho. Essa situação se reflete nos péssimos indicadores do ensino médio no estado. Segundo informações da Agência A Publica, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB de 2009, por exemplo, o Pará tinha apenas 69,9% de aprovação, enquanto a média nacional foi de 87,6%. Do total de alunos, 12,4% reprovaram, enquanto a média nacional era de 9,6%. E o mais grave, 17,7% dos alunos abandonaram os estudos, enquanto no Brasil como um todo a media era de apenas 2,8%.

Essa precarização tem levado o Governo do Estado a justificar a privatização do ensino médio no Estado, o que de fato pode representar um abandono do poder público de sua função ao transformar a educação em produto no mercado, onde o povo como sempre vai pagar a conta duas vezes.

Se essa realidade é difícil na cidade, pior ainda é no interior, em comunidades rurais onde poucas comunidades tem acesso ao ensino médio, e quanto tem, em sua maioria é feito através do SOME – Sistema Modular do Ensino Médio, criado como uma solução temporária para ofertar o ensino às zona rural, que acabou se tornando a única maneira de acesso.

Em boa parte das comunidades onde o SOME atua, as reclamações são constantes quanto a carência de professores, que tem que se deslocar até às comunidades. O calendário das aulas é quase sempre instável. E as estruturas onde são ministradas as aulas ficam dependentes das escolas municipais.

A jovem Ingrid Natália Godinho, atualmente estudante de Serviço Social, e ex aluna do SOME na Comunidade de Vila Anã, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, participou da audiência e manifestou sua opinião.

“O SOME não é a melhor opção de ensino. Mas para nós que moramos em lugares distantes ainda é tudo. Ruim com ele, pior sem ele, ou seja, por enquanto deve ser mantido. Mas o Estado deveria pelo menos cumprir sua função como Estado, porque não basta somente ter um professor na sala de aula, é preciso professores qualificados, efetivos, infraestrutura adequada, material pedagógico , merenda escolar de qualidade e acima de tudo acessibilidade para alunos e professores. Queremos apenas que o sistema melhore”, comentou a estudante.

Natália propôs ainda, que o Ensino Médio fosse mais adequado à realidade das comunidades rurais, “que seja transformado em um ensino tecnológico voltado para o campo, para nossa realidade, onde os alunos sejam preparados para o trabalho e que não precisem sair de sua comunidade, ou coisa parecida, para ter estabilidade financeira e, que os investimentos apareçam de fato numa educação de qualidade”.

Ao final da audiência foram encaminhadas diversas propostas que seguem agora para avaliação da Comissão e do Legislativo Paraense.

Jovens amazônicos promovem cineclube na floresta

7 de julho de 2015 por Adriane Gama

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 Há quatro horas de viagem de barco de Santarém, uma comunidade indígena pertencente à Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, chamada Aldeia Solimões está sendo palco para a realização de sessões cineclubistas na floresta, promovidas pelo Grupo de Teatro Solimões em Ação – GRUTESA, através de suas atividades socioeducativas do projeto juvenil “Cine Comunitário”, em parceria com a ONG Projeto Saúde e Alegria – PSA, com apoio da Fundacção Mapfre e Patrocínio da Petrobras, voltadas para temas que estão relacionados com os direitos das crianças e adolescentes.

A ideia surgiu a partir da necessidade dos jovens buscarem novas oportunidades de lazer, entretenimento e conhecimentos em seu próprio território. Eles já tiveram anteriormente experiências com oficinas de vídeo em celular e de Stop Motion, uma técnica de animação com uso de câmera fotográfica, além de exibições de curtas produzidos por eles, no Cine Mocorongo do PSA. Diante dessas vivências audiovisuais coletivas, os jovens mobilizaram-se e colocaram em prática as ações cineclubistas na Aldeia, como uma forma de envolver toda a comunidade, em especial, a juventude ribeirinha.

Os jovens de Solimões recentemente passaram por uma formação cineclubista do PSA, facilitada pelos cineclubistas Adriane Gama e Kenned Oliveira, e puderam se encantar e exercitar-se com a linguagem cinematográfica. Aprendizados que vão desde a origem e evolução do cinema mundial até como preparar a programação completa de um cineclube com sessão de filme e roda de conversa no final do evento, levando em consideração desde a divulgação, equipamentos técnicos, acervos fílmicos, curadoria, direitos autorais e pós-produção cineclubista. Para o vice-coordenador do GRUTESA, Edilson Ray, 17 anos, disse que o cineclube na aldeia, trouxe mais interesse para ele e outros jovens a buscar mais motivação em compartilhar novos conhecimentos através do cinema.

Nesta oficina foi realizado um Cine Experimental na área externa da escola. Foi uma realização educativa feita pelos cineclube_cine_solimoesjovens do projeto juntamente com a equipe do PSA, com direito a exibição e discussão do filme, dialogando sobre o longa-metragem, sua mensagem e elementos principais do filme, como fotografoa, trilha sonora e sua misé-èn-scene (encenação ativa). Na ocasião houve a entrega de um computador, lona de projeção de pano e pendrive para o grupo de jovens, orçados no projeto juvenil, com a finalidade de usá-los como ferramentas básicas para a realização das ações cineclubistas na Aldeia e em outras comunidades.

Neste mês de julho, com o apoio de lideranças locais e da escola Nossa Senhora das Graças, os cineclubistas ribeirinhos irão promover na escola, três grandes exibições de películas de acordo com o acervo cineclubista voltado para os direitos infanto-juvenis, como por exemplo, a cultura indígena. A essência principal dos encontros cineclubistas na comunidade é estimular jovens, crianças e adultos a ter um contato mais próximo com o universo lúdico da sétima arte, despertando uma reflexão crítica dando-lhes a possibilidade de conhecer, participar e fazer cinema coletivamente.

E esses jovens cumaruaras*, através de suas ações cineclubistas, já deixam rastros de propagação em transformar a sua realidade através do novo brilho no olhos das crianças ao assistir o cinema mudo de Charles Chaplin, bem como tocar com os sentimentos de alguém que tem muita experiência de vida, como é o caso da Pajé da Aldeia, a senhora Maria Suzete, de 78 anos ao ressaltar que o cineclube “são portas que se abrem na paixão pelo cinema. Eu nunca tinha visto um cineclube e agora tenho muita admiração. Espero que continue isso na Aldeia e vamos aproveitar.”

 *Etnia indígena que habitava a região do Rio Tapajós – margem esquerda

2ª Edição do Beiradão de Oportunidades

15 de junho de 2015 por Lilian Campelo

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Agora é a vez dos jovens que moram em Santarém

A segunda edição do Beiradão de Oportunidades começa dia 24 e vai até o dia 27. Nessa edição a proposta é convidar os jovens que são de comunidades ribeirinhas, mas que moram na cidade.

As inscrições para participar do Beiradão iniciam nessa segunda-feira, dia 15, e podem ser feitas na sede do Projeto Saúde e Alegria que fica na Av. Mendonça Furtado, 3979, Liberdade.

Como o próprio nome já diz, o evento será uma oportunidade para que muitos jovens possam desenvolver e aprimorar a criatividade para a geração de ideais, para isso durante quatro dias serão realizadas atividades que irão estimular sua energia criativa direcionada a encontrar soluções inovadoras aos problemas existentes em suas comunidades, utilizado a tecnologia como ferramenta para empreendedorismo social.

Curso

Este ano o curso Jovens Empreendedores do Tapajós terá duas turmas, uma para os jovens que moram nas comunidades e outra destinada para os que são de comunidades ribeirinhas, mas que moram em Santarém. O curso é um projeto apoiado pela Fundação Telefônica e Saúde e Alegria.

O curso é dividido em dez módulos com carga horária de 20hs semanais que ocorrem de quinta à sexta-feira de 8hs às 12hs e das 14hs às 18hs; aos sábados de 9hs às 12hs. As aulas incluem assuntos ligados ao universo do empreendedorismo como gestão de negócios, aplicativos móveis, publicidade e marketing, ferramentas tecnológicas, entre outros.

SERVIÇOS

DATA: 24 a 27 de junho

LOCAL: Auditório Boulevard – UFOPA

INSCRIÇÕES: Sede do PSA Av. Mendonça Furtado, 3979, Liberdade.

PARA MAIS INFORMAÇÕES: 93 3067 8000 / 93 9 9149 4801

Psa realiza oficinas de apoio para os projetos socioeducativos

3 de junho de 2015 por Lilian Campelo
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Em Maripá reunião com jovens da comunidade para implementar ações do projeto.

Desde abril o Saúde e Alegria vem realizando formações com os jovens que tiveram os projetos aprovados na Chamada de Apoio às Iniciativas Juvenis.

O apoio dado através das oficinas é uma forma de empoderar esses jovens para que possam realizar as atividades dos projetos nas comunidades onde moram junto com o público atendido, que são crianças e adolescentes.

Esse mês de junho as atividades do PSA estão bem intensas. Nos dias 9 e 10 será realizada uma oficina sobre radionovela com o grupo AMA – Adolescentes Mobilizados pela Amazônia da comunidade de Maguari, localizado na Floresta Nacional do Tapajós. O grupo está realizando o projeto denominado Microfone Juvenil que tem como objetivo produzir radionovelas com crianças e adolescentes da comunidade e irá abordar os direitos das Crianças e dos Adolescentes. Todos os 16 projetos aprovados na chamada visam empoderar jovens das comunidades para trabalhar com essa temática.

Da Flona pra Resex. Nos dias 12 e 13 a Aldeia de Solimões recebe a formação sobre cineclube. E dando continuidade na oficina sobre edição de vídeo documentário, irá ocorrer amanhã, dia 5, na sede do PSA, a segunda etapa da oficina com Benezildo Costa, um dos membros do projeto Doc. São Pedro. A oficina ainda continua no sábado e na segunda, nos dias 6 e 8, com Leila Verçosa ministrando a formação.

No sábado, dia 6, será a vez das comunidades de Cabeceira e Vila do Amorim. Elis Lucien e Adriana Gama estarão fazendo uma visita nas comunidades para acompanhar os projetos: Criança Saudável é Criança Feliz e A felicidade é uma escolha, das comunidades acima, respectivamente.

 

Modalidades Educativas em destaque na Copa Floresta Ativa

18 de agosto de 2014 por Adriane Gama
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Mascotes classificados para a grande final da Copa Floresta Ativa.

Assim como a Copa do Mundo reuniu povos do mundo inteiro através da imagética bola, a Copa Floresta Ativa 2014, do Projeto Saúde & Alegria em parceria com a Tapajoara e ICMBIO, mobilizou as comunidades ribeirinhas da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, interior da floresta mais conhecida do planeta, com simplicidade, criatividade e muita ginga no pé. Durante o início desse ano, foram 4 eliminatórias sediadas em comunidades da Resex: em Anumã e Surucuá, no mês de abril e São Pedro e Vila de Boim, em maio.

Mas nem só de futebol se faz uma copa na floresta. Este evento tem como características marcantes, as atividades e campanhas educativas. Como nas edições anteriores, a Final da Copa terá dois dias intensos de ações educativas e esportivas, sendo que no primeiro dia, na sexta pela manhã, acontecerá um seminário reunindo a juventude e lideranças comunitárias e pela tarde, grupos de trabalhos entrarão em cena com produções sócio-educativas. Durante todo o sábado, as seleções de futebol classificadas disputarão a grande final. À noite, para fechar com grande estilo e muita alegria, Circo Mocorongo com sua trupe circense e premiações das modalidades educativas.

Neste mesmo dia, paralelamente aos jogos, um espaço sócio-cultural será montado, com o objetivo de atrair a atenção dos visitantes e esportistas, os quais estarão torcendo também pelas produções artísticas realizadas por suas comunidades. Esta sala de exposição apresentará as produções filnalistas das nove modalidades educativas: Mascote, Música, Paródia, Esquete Circense, Foto, Cartaz Educativo, Reportagem, Rádio (melhor reportagem, vinheta ou entrevista), Jornal Impresso e Vídeo.

Serão esperados 58 produções das modalidades educativas, cujos seus artistas finalistas receberam nas eliminatórias, passaporte com direito a transporte e alimentação para participar da grande final que acontecerá nos dias 22 e 23 de agosto, na Vila de Anã, Rio Arapiuns. Um comitê de jurados independentes avaliarão os trabalhos classificados, a partir de quatro critérios básicos: Mensagem Educativa, Criatividade, Qualidade e Comunicativo.

As premiações dos campeões das categorias educativas da Grande Final da Copa Floresta Ativa, segundo o seu edital, são as seguintes: Mascote – Jogo de camisas, Música e Paródia – Violão, Esquete circense – Kit com materiais de circo, Foto – Máquina fotográfica, Cartaz – Kit com materiais de pintura, Melhor reportagem impressa/jornal – Máquina fotográfica, Programa de rádio (vinheta, entrevista ou reportagem) – Gravador digital e Vídeo – Tablet.

Confira abaixo, os vencendores das eliminatórias que estarão na Grande Final da Copa Floresta Ativa. Parabéns a todas comunidades participantes!

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Encontro reúne PSA com o Conselhos Infanto-Juvenis de Belterra

8 de julho de 2014 por Adriane Gama

cons_tutelar_beltPela manhã do dia 25 de junho, em Belterra, município vizinho de Santarém, aconteceu uma reunião entre o Projeto Saúde e Alegria – PSA, Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA e Conselho Tutelar. Estiveram ainda presentes, representantes do Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS, Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, Prefeitura de Belterra e Associação Comunitária de Aramanaí – ASCA.

O objetivo do encontro foi articular uma parceria intermunicipal entre a região de Santarém e Belterra, visando ativar o programa Projeto Adolescentes Comunicadores pela Cidadania na Amazônia do PSA, com apoio da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), baseado nas competências da vida como: auto estima, valorização da sua identidade e do seu corpo, aprender a conviver em grupo, conhecer seus próprios direitos, formando assim, grupos coletivos de jovens educadores populares, com planos de ação voltados para escolas e comunidades.

O coordenador de educação Fábio Pena e sua equipe de arte-educadoras do PSA, Adriane Gama e Elis Lucien apresentaram este trabalho ligado às causas infanto juvenil e ressaltaram tratar-se de um trabalho de educomunicação que acontecerá na sede de Belterra e em três comunidades rurais ribeirinhas, utilizando como metodologia, oficinas de educação e comunicação comunitária com práticas de uso de ferramentas tecnológicas multimidiáticas direcionadas para adolescentes e jovens.

Durante este período, acontecerão quatro ciclos de oficinas de educomunicação integradas à campanhas e conteúdos educativos, com apoio da Prefeitura, incentivando e valorizando o perfil de liderança juvenil local, sendo que as iniciativas sócio-educativas juvenis terão apoio logístico, alimentação e material didático. Por sua vez, o CMDCA de Belterra convidou o PSA a participar da elaboração do plano de ações dos Conselhos, sendo que estas propostas do Projeto poderiam fazer parte deste documento.

Na ocasião, Silmara Rodrigues, do gabinete da Prefeitura e articuladora do SELO Unicef em Belterra, aproveitou o momento para informar sobre a realização do I Fórum Comunitário, compromisso firmado pelos governos da Amazônia. A finalidade do evento é levantar um diagnóstico municipal que envolva toda a sociedade belterrense com debates coletivos sobre políticas públicas e indicadores sociais que garantem os direitos das crianças.

Os encaminhamentos finais ficaram para os conselhos mobilizarem a participação juvenil e indicarem como propostas de trabalho, temas ligados às situações problemas mais enfrentados no município, como: violência contra as crianças, abusos e drogas ilícitas (consumo).

Conhecimentos Livres de Metareciclagem na Casa Puraqué

20 de fevereiro de 2014 por Adriane Gama

ofic_metarecO Coletivo Puraqué realiza neste próximo sábado, dia 22 de fevereiro, uma Oficina de Conhecimentos Livres de Metareciclagem com o apoio da Secretaria Nacional da Juventude, pelo ambiente virtual interativo – O participatório – Observatório Participativo da Juventude, voltado para a produção de conhecimento e experiências colaborativas da juventude brasileira.

A maloca do Puraqué (espaço cultural comunitário) será o palco desse encontro de cultura digital que contará com a participação de alunos e colaboradores da terceira turma dos Cursos de Informática do Puraqué, estudantes da Escola Municipal Santa Luzia, no bairro do Amparo e moradores da Grande Área do Santarenzinho e do Maracanã.

O objetivo do evento é promover uma intervenção de apropriação cidadã da tecnologia, através das atividades da Metareciclagem, uma metodologia que estimula o fazer em equipe, através da construção colaborativa do conhecimento, usando como material didático, computadores obsoletos para dismistificar a sua “caixa preta”. A ideia é sensibilizar a comunidade sobre a importância da consciência ambiental e trocar experiências em busca de soluções criativas para uma transformação social em sua realidade. Leia o resto desse post »

XIII Teia Cabocla: Desafios do território, como enfrentá-los?

8 de dezembro de 2013 por Paulo Lima

desafiosteia.redimensionado Ultimo dia da Teia Cabocla define metas e estratégias para superar desafios

Por Carlos Joseph

No último dia (07/12/2013) da XII Teia Cabocla foram finalizados os trabalhos de discussão sobre o desenvolvimento territorial e desafios da juventude na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós – Arapiuns. As atividades nos três dias foram desenvolvidas a partir da seguinte trajetória: relembrar as lutas sociais pela conquista do território, avaliar os atuais desafios e como o jovem lida com eles e por último estimular a sugestão de estratégias concretas para superar os desafios identificados durante o encontro.

Tais estratégias concretas tem relação direta com ativismo e para auxiliar na elaboração dos planos, os participantes da Teia Cabocla tiveram um bate papo com Marcelo Marquezine da Escola de Ativismo. A Escola de Ativismo é uma organização que dá suporte a diversos movimentos sociais em todo o Brasil e o ativismo é a prática da luta por um bem comum. Marquezine deixa claro porém, que essa luta não pode ser confundida com violência. “Temos que saber o limite do que fazer para não chegar à violência. Por mais justo que a causa possa parecer é preciso sempre evitar a violência”, explica Marcelo.

Um bom exemplo de ativismo foram as manifestações de julho deste ano no Brasil, onde um movimento, pela redução da passagem de ônibus em São Paulo, desencadeou diversos outros manifestos que mobilizaram, segundo o IBOPE, 12 milhões de pessoas em todo Brasil. Marcelo usou este exemplo para explicar que a prática do ativismo demanda um bom planejamento e é necessário evitar manifestações motivadas apenas por empolgação. “Vamos ser ativistas, mas não no ‘oba oba’. Tem que ter tática, estratégia. É preciso saber se é a hora certa daquela ação e nunca entrar de peito aberto, se necessário procure um advogado antes.”, enfatiza.

O ativista ressaltou ainda que em qualquer ação é necessário pensar em comunicação, chamar atenção para a causa. É importante que os objetivos e reivindicações sejam claros e definidos. Hoje em dia o ativismo está muito ligado à internet pela facilidade que a rede proporciona em desenvolver esta comunicação necessária, além de compartilhar informações e criar conexões.

Ações concretas propostas na Teia Cabocla

A partir das dicas de ativismo os participantes do evento se reuniram em cinco grupos de trabalho para traçar metas específicas de ação sobre os temas: participação juvenil, educação (ensino médio de qualidade), trabalho e renda e acesso à informação/direito à comunicação. Esta última etapa do evento se justifica pelo princípio de que não basta apenas levantar e reconhecer os problemas existentes, mas também é necessário partir para ação almejando alcançar as mudanças necessárias.

Temas discutidos na última atividade da Teia Cabocla:

gruposteia.redimensionadoOrganização e mobilização juvenil:

Este tema é relacionado ao fato de muito jovens não se interessarem pelos movimentos sociais, reuniões de sindicatos e outros grupos de mobilização. Durante o encontro de gerações da Teia Cabocla, que reuniu antigos e novas lideranças em uma mesa redonda, o jovem João Paulo citou esta problemática. “Falta engajamento de muita gente e recebemos muitas críticas por conta desses jovens que não se interessam na defesa do território. Temos muitas dificuldades de fazer as pessoas entenderem que é preciso lutar pelo bem comum”, ressalta a jovem liderança.

Nos grupos de trabalho os jovens identificaram que o problema ocorre, principalmente devido a falta de apoio dos pais, que não incentivam a participação dos filhos e também pelas reuniões não atraírem as atenções dos jovens. Como solução foi proposta que haja reuniões específicas para a juventude que envolva música, dança e outras atividades que atraiam os jovens. Os próprios jovens tomarão à frente para que as mudanças ocorram.

Trabalho e renda:

A dificuldade no acesso à educação de qualidade e a falta de capacitação técnica dificultam a busca por alternativa de geração de renda nas comunidades da Resex. Os participantes destacaram que é preciso estimular o espírito empreendedor do jovem para aproveitar o que pode ser feito com recursos disponíveis na comunidade para gerar renda, mas que é também preciso ter acesso a mais cursos de qualificação em empreendedorismo para inclusão produtiva. O grupo que trabalhou o tema propôs ainda a formação de uma cooperativa mista, dentro do Programa Floresta Ativa do PSA. Esta cooperativa proporcionaria mais renda através do trabalho coletivo e utilizaria de forma sustentável os recursos disponíveis na Resex.

Meio Ambiente:

O principal objetivo da Resex é garantir a conservação dos recursos tradicionalmente utilizados pela população extrativista da área, por isso a preservação do meio ambiente deve sempre ser discutida. A grande problemática relacionada ao tema é que certos fatos, que vão de encontro com o objetivo da Resex, estão passando despercebido pelos moradores das comunidades. Podem ser citados exemplo como a aproximação de madeireiras que invadem os limites da reserva e a construção de hidrelétricas no alto Tapajós.

O grupo que conduziu o tema questionou que este fatos, apesar da importância, não são contextualizados nos jornais e rádios das comunidades e sugeriu criar uma rede de comunicação do meio ambiente para que haja um fluxo de informações entre as comunidades.

Educação:

A dificuldade no acesso ao ensino médio faz com que muitos jovens deixem suas comunidades e migrem para Santarém com a intenção de concluir o ensino básico. Já nas comunidades onde existe acesso ao ensino médio este é ofertado na modalidade modular. De acordo com os jovens da Resex o ensino modular, apesar de ser uma alternativa para concluir o ensino básico, não é adequado.

É necessário que o jovem lute por uma educação de qualidade. O grupo que se aprofundou no tema propôs as seguintes ações para iniciar um movimento por uma educação melhor: Expor a realidade educacional para as comunidades, pautar o assunto em movimentos sociais, nas entidades representativas e organizações sindicais e criar um grupo de estudo e pesquisa sobre o tema. O objetivo desta última proposta é ter um embasamento científico que comprove o problema e identifique o real cenário da educação nas comunidades. Além disso devem lutar por um modelo de ensino médio voltado para os potenciais produtivos da Resex, mais focada, por exemplo,  na profissionalização do jovens para o manejo dos recursos naturais.

Para se avançar nas metas seriam utilizadas as redes sociais para expor a situação e criar espaços de discussão com o tema a “escola que queremos”.

Acesso à informação e direito à comunicação

O acesso à comunicação hoje é uma das formas mais eficientes de se fortalecer as lutas sociais em busca do bem comum. Como enfatizou Marcelo Marquesine da Escola de Ativismo, em qualquer ação é necessário pensar em comunicação.

Nos últimos anos houve avanços significativos neste sentido dentro da Resex com a instalação de telecentros e ampliação da cobertura telefônica. Porém, ainda há muito o que se conquistar. Nesta perspectiva se propôs intensificar a cobrança pela agilidade na instalação de novos telecentros. Uma forma de pressionar por esta agilidade é expor os problemas na imprensa local e denunciar através de vídeos e postagem nas redes sociais

Outra proposta é se organizar para que se conquiste a concessão de sinais de rádios comunitárias, transformando rádios postes em FM. Outro bandeira de luta é cobrar a ampliação do Programa Luz Para Todos para facilitar a utilização de aparelhos eletrônicos de comunicação. Chama a atenção o atraso da implementação do Programa Telecentros.BR que já entregou equipamentos e mobiliários para vários Telecentros Comunitários mas entraves burocráticos impedem a instalação desses espaços de acesso à informação, cultura, educação e comunicação. Como proposta os jovens indicaram a organização de uma campanha nas redes sociais e abaixo assinado para dar visibilidade ao problema.

Protagonismo juvenil

A grande lição deixada pela XII Teia da Comunicação é de que o futuro da Resex está nas mãos dos jovens. As decisões tomadas hoje, bem como as atitudes adotadas, influenciarão diretamente no desenvolvimento territorial da reserva.

O jovem tem a força, audácia e motivação para superar os desafios e mostrou, que ao contrário do que se pensa, está disposto participar ativamente da luta pelo bem comum.

 

Encontro de gerações na XIII Teia Cabocla

6 de dezembro de 2013 por Paulo Lima

Foto Ellen Acioli

Por Carlos Eduardo Joseph

Olhar para o futuro se espelhando no passado e cuidando do presente. Nesta perspectiva foi conduzido o Diálogo entre gerações nos territórios, uma das atividades da XIII Teia Cabocla. Através de uma mesa redonda foram colocados lado a lado lideranças comunitárias, da antiga e nova geração. No centro do debate estavam os desafios enfrentados na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós – Arapiuns.

O que almeja um jovem que vive em uma das comunidades da Resex? Quais as suas perspectivas e como ele se integra na luta pela preservação do território? E como líderes que participaram ativamente da luta pela criação da Resex observam o papel dos jovens agora com a reserva consolidada? São questionamentos que levam a uma reflexão profunda sobre o papel social de todos no contexto de preservação cultural e ambiental.

Entre os participantes da mesa redonda estavam Livaldo Sarmento de 55 anos e Antônio Oliveira, mais conhecido como Seu Mucura, de 75 anos. Ambos são lideranças que participaram ativamente da luta pela criação da Resex. Os outros participantes eram os jovens Julio César e João Paulo de 19 anos e Ingride Natália de 17 anos, todos dando os primeiros passos nas lutas sociais. Com todos sentados à mesa era interessante o impacto visual provocado pela diferença de idade, porém, mais interessante ainda foi observar que apesar de pertencerem a gerações diferentes todos compartilham os mesmos ideais de conquistas através da união comunitária.

Na Resex Tapajós – Arapiuns moram cerca de 22 mil pessoas em 74 comunidades. A reserva foi criada em 1998, após muita luta contra a exploração madeireira intensiva, que ameaçava comunidades tradicionais com modo de vida baseado no extrativismo e agricultura de subsistência. “Chegou um momento que tivemos que unir todas as comunidades e lutar para garantir que essas terras continuassem sendo nossas e de nossos filhos e netos”, lembra Livaldo Sarmento.

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Após 15 anos a consolidação da Reserva Extrativista, como um ambiente ideal para a vida harmoniosa do homem com o meio ambiente, passa necessariamente pela ampliação de serviços essenciais como saúde e educação. Além disso é importante criar mecanismos de capacitação comunitária para melhor aproveitamento dos recursos naturais disponíveis. Tais benefícios só podem ser conquistados a partir da união das comunidades para cobrar melhorias do poder público. Neste caso o papel do jovem é fundamental.

Seu Antônio Oliveira afirma que vê com muito entusiasmo a participação do jovem nas lutas comunitárias. “No meu tempo conseguimos criar muitos grupos de apoios, associações, sindicatos e outras formas de organização comunitária, e eu percebo que o jovem de hoje é muito parecido com o daquele tempo”, declara Antônio. Ingride Natália esclarece que o engajamento de muitos jovens é fruto do exemplo tomado com antigas lideranças. “Eu cresci vendo a luta dos meus pais e outros comunitários e me tornei uma pessoa comprometida com o bem comum. E tudo isso me faz ter vontade de me engajar em sindicatos, associações e até no conselho deliberativo da Resex e outros projetos”, enfatiza a jovem.

A dupla de líderes mais antigas, Livaldo e Antônio, observam uma vida melhor nas comunidades após a criação da Resex. “Hoje nós já temos mais escolas, casas de alvenaria e outros projetos conquistados com organização e muita luta”, esclarece Livaldo. Todos enfatizam ainda que hoje há facilidades de mobilização e comunicação, uma vez que em muitas comunidades já funcionam celulares e Internet, além de haver mais embarcações que fazem o transporte comunitário. “Minha mãe conta que antes para participar de reuniões de sindicatos em Santarém uma viagem demorava até uma semana, por conta do barco ser pequeno. Hoje em dia a viagem é muito mais rápida”, lembra Ingride Natália.

Mesmo com o quadro otimista, apontado pelos comunitários, há motivos para preocupação. João Paulo afirma que da mesma forma que há um número considerado de jovens comprometidos com as lutas sociais, também é grande os que não se preocupam com as causas da reserva. “Falta engajamento de muita gente e recebemos muitas críticas por conta desses jovens que não se interessam na defesa do território. Temos muitas dificuldades de fazer as pessoas entenderem que é preciso lutar pelo bem comum”, ressalta a jovem liderança.

As preocupações evidenciam a importância da união para as conquistas sociais. “Meus pais dizem que é nossa missão valorizar a cultura local, lutar pelo território. Podemos fazer isso utilizando os recursos que nós temos”, enfatiza Júlio César. Livaldo lembra que os jovens com 15 anos hoje não viram a luta pela criação da Resex e que cabe aos adultos sempre dar apoio aos mais jovens e lembrar dos desafios, porém cabe aos mais novos tomar à frente das associações e bandeiras de luta. “O futuro da Resex está no que esta geração decidir”, enfatiza o comunitário.

Uma boa fórmula, para que a Resex cumpra seu papel de garantir a exploração autossustentável dos recursos naturais, é mesclar a experiência de quem já enfrentou muitos desafios na luta comunitária e a motivação, audácia e força dos jovens.