“Puraqué” dá o Norte no encontro presencial de monitores Telecentros.BR
6 de julho de 2011 por Fábio PenaAntes que o Pará se divida é bom que se diga que na futura capital do Tapajós, um coletivo de jovens oriundos de camadas simples da população é o responsável pelo fato de estarmos à frente dos grandes debates e práticas que delimitam o híbrido campo da cultura digital.
Em Santarém, uma revolução se desenha a partir da articulação de coletivos e escolas públicas – pela via de um projeto pedagógico de formação tecnológica.
Essa a revolução tem provocado grandes choques e gerado diversas ações que empoderam centenas, milhares de jovens.
Extramuros, chegamos ao lixo urbano e sua produção de objetos, abandonados, para que novos objetos sejam comprados e assim a sociedade industrial sobreviva
E na contramão deste processo, dissecadas, velhas peças de computadores obsoletos que poderiam entupir as lixeiras têm reveladas as funções de cada um de seus órgãos para que todos saibam de que são constituídas as suas partes.
Desta autópsia resulta a desconstrução da cultura do medo. E esta geração anti-industrial tem enfim delimitado o seu território possível. Em rodas de conversa sobre a realidade do lugar aonde ocorrem tais ações, nos minicursos de conteúdos tecnológicos, os jovens que entram em contato com diálogos, práticas e culturas desta galera, constroem relações de cidadania, que se reverberam em redes sociais e políticas, locais e virtuais.Agregados aos movimentos sociais, associações de moradores, e a aos projetos institucionais, como pontos de cultura, a galera do Puraqué faz a diferença, sendo responsável pela qualificação dos conteúdos e das experiências práticas que caracterizam o estuário tapajônico Espalhados como vírus, esta galera pratica metareciclagem, discute ética hacker e faz a revolução cultural digital na Amazônia.
Aplicativos – Dois caras que podem ser considerados os melhores aplicativos deste movimento são Jader Gama e Tarcísio Ferreira. Vejamos o que eles nos contam sobre suas expectativas para o encontro e as oficinas que vão ministrar presencial de monitores do Programa Nacional de Inclusão Digital Telecentros.BR – Pólo Regional Norte, que vai acontecer na Escola de Formação Profissional Campos Pereira, bairro José Augusto, no Acre, entre os dias 6 e 9 de julho.
Quais as expectativas deste encontro?
TARCÍSIO [Que a comunidade compareça ao local do evento, que participem das oficinas, apropriem-se dos meios de comunicação digital, da Cultura Digital Brasileira e do Software Livre, que comecem a perceber que assim como eles, existem centenas de milhares de Hacker ativistas de Software Livre pelo norte do país e o quão é importante a troca de conhecimentos].
GAMA [Bem espero que tenhamos a oportunidade de compartilhar com os monitores e tutores os conhecimentos e vivências desses dez anos de caminhada e possamos aprender com eles também a partir da realidade em que vivem].
O que os monitores podem esperar das oficinas?
TARCÍSIO [Mais autonomia e segurança no que já fazem, mais conteúdo para melhorar suas metodologias, mais colaboração e mais conhecimentos, além de várias opções de aplicativos de código aberto para o melhoramento de suas atividades e quem sabe, de suas auto-sustentabilidade com mais liberdade].
GAMA [Oportunidades de colaboração e apropriação de ferramentas tecnológicas que podem instrumentalizar o trabalho deles em suas comunidades].
Consideram que o debate sobre cultura digital, está qualificado na Amazônia (ou tem que vir “neguinho americano” dizer como tem de ser – se é que está me entendendo)?
TARCÍSIO [Vejo que é fundamental o debate sobre o tema que for ser feito por quem de fato o vivencia, por isso, nada melhor ouvir quem mora na Amazônia Brasileira, sua cultura, seu conhecimento, sua liberdade, sua vida, seu costume e principalmente, sobre suas dificuldades de comunicação, logística e acesso a tecnologia, é importante a troca de conhecimentos com quem for, mas, creio que conhecemos melhor nossa realidade].
GAMA [Creio que estamos no caminho, os intercâmbios são bem vindos também, mas creio que vivemos uma realidade sui gene ris na Panamazônia, penso que devemos nos articular com los hermanos da Panamazônia e ver como podemos nos articular com outras pessoas inclusive de países desenvolvidos para melhorarmos as condições de vida em nosso planeta].