Outras fontes de energia são possíveis

29 de novembro de 2010 por Fábio Pena

Outras fontes de energia são possíveis. O modelo energético brasileiro e o potencial da Amazônia para as fontes renováveis. Esse foi o tema de um seminário promovido no dia 26/11 pela Rede FAOR – Fórum da Amazônia Oriental, durante o Fórum Social Pan-Amazônico.

Uma das principais críticas ao modelo energético brasileiro, é de que as grandes hidroelétricas são construídas para abastecer a demanda do mercado e das grandes empresas, especialmente aquelas que exploram os recursos naturais da região, seja no campo da mineração, como em outras áreas. E  de que a energia gerada não serve ao  povo da Amazônia, que sofre diretamente os impactos dessas grandes obras, mas não se beneficia delas. Além dos impactos ambientais que afetam a vida da floresta e o modo de vida tradicional dos povos.

Por outro lado, está claro o potencial da Amazônia para a produção de energia, não apenas no modelo proposta atualmente com as grandes obras, mas principalmente em fontes alternativas. Entre essas alternativas, o biodiesel tem sido proposto amplamente pelo governo como alternativa para que o Brasil possa se tornar um grande produtor de um combustível menos poluente.

No entanto, entra em questão o modelo de produção dos óleos vegetais que podem ser usados na fabricação, como no caso do coco babaçu. No seminário, por exemplo, a Sra. Nazira Pereira da Silva, da coordenação interestadual do Movimento das Quebradeiras de Coco Babaçu, trouxe um sério problema que suas companheiras vêm enfrentado.

Com a chegada da proposta do biodiesel, as quebradeiras de côco que há dezenas de anos manejam, de forma sustentável, áreas com predominância do babaçu, estão sendo pressionadas por empresas interessadas em explorar esse recurso. Há denúncias de ameaças para a expulsão das áreas, pressão  para a compra dos territórios historicamente manejados, o que gera conflitos e prejuízos aos direitos dessas populações tradicionais. É urgente a necessidade de uma ampla discussão sobre esse modelo, em que ponto ele se torna também mais uma ameaça às comunidades amazônicas.

Durante o seminário. o coordenador de desenvolvimento territorial do Projeto Saúde e Alegria, Tibério Allogio, apresentou a experiência realizada na comunidade de Cachoeira do Aruã, no rio Arapiuns, através da implantação de uma mini-central hidroelétrica. O empreendimento foi ousado ao estabelecer as condições para que a própria comunidade pudesse se organizar e torna-se uma produtora independente de energia, por meio da criação de uma associação, a AMOPE, que gerencia a mini-hidroelétrica.

Instalada usando a queda d’água da bonita cachoeira ao lado da comunidade, o empreendimento gerou impacto ambiental praticamente zero, e beneficia diretamente as mais de 50 famílias que moram na comunidade, melhorando sua qualidade de vida e possibilitando incrementar a economia local, especialmente a voltada para o turismo comunitário.

“É claro que estamos falando de uma experiência piloto que não resolve o grande problema da geração de energia em grande escala para o desenvolvimento regional. Mas aqui está demonstrado na prática como é possível gerar energia de forma sustentável se o objetivo é beneficiar diretamente as comunidades locais”.

O modelo implantado em Cachoeira do Aruã, também teve inovações do ponto de vista tecnológico, a partir de experiência de uma empresa local, a ENDALMA, que já havia testado em outra localidade e pôde consolidar a experiência, que em seguida foi adotada por outros projetos, a exemplo das mini-hidroelétricas implantadas pelo INCRA em assentamento da reforma agrária na região.

A Muiraquitã FM está no ar

28 de novembro de 2010 por Fábio Pena

Uma rádio diferente está no ar em Santarém, desde a última quinta-feira, dia 18, no início do Fórum Social Pan-Amazônico. Trata-se da Rádio Livre Muiraquitã, transmitindo na frequência de 88.1 FM.

A rádio é uma experiência organizado por um coletivo de organizações que lutam pela democratização dos meios de comunicação e acreditam em uma nova forma de fazer comunicação, aberta, democrática e que valorize a identidade cultural da nossa região. Através do Pontão de Cultura Digital do Tapajós, o Laboratório de Comunicação Compartilhada, o Projeto Puraqué, o Projeto Saúde e Alegria e a Casa Brasil de Santarém se uniram para colocar no ar, que é livre, a voz dos participantes do Fórum Social Pan-Amazônico que está acontecendo em Santarém.

Além de divulgar ao vivo as notícias e a programação do fórum, a rádio tem uma seleção musical que valoriza principalmente as músicas regionais, de artistas populares, que normalmente não teriam espaço nas rádios comerciais. Dois Cds foram lançados durante a programação da Rádio, produzidos pelo próprio pontão de cultura digital do Tapajós. Um deles é do Seu Tatuzinho e outro do compositor Juvenal Imbiriba, o Juveco, ambos da região do Rio Arapiuns. As músicas em geral, falam da vida, do dia a dia nas comunidades ribeirinhas e tem forte apelo ecológico. Outro destaque na programação são as músicas produzidas pelo estúdio livre do coletivo poraqué, com diversos artistas de Santarém, entre eles o grupo Nossas Lembraças, do Bairro do Maracanã.

Funcionando com equipamentos adquiridos pela Associação Rádio Comunitária Muiraquitá FM, a rádio já tem um longo histórico pela sua legalização. Já passou por diversos processos buscando sua outorga, mas a burocracia imposta por muito tempo inviabilizou que rádio fosse implantada. Os equipamentos são homologados pelo Ministério das Comunicações, mas o processo caminha a passos lentos.

Os participantes que reanimaram a Muraquitã durante o Fórum, ganharam novo fôlego para lutar por uma rádio comunitária em Santarém. Espera-se que o nome da rádio também ajude. Muiraquitã é nome de um amuleto da sorte, encontrado no lago verde de alter do chão. Trata-se de um objeto indígena sagrado, acredita-se que traz felicidade, sorte e também cura a quase todas as doenças a quem o possui. Foi com esse sentido que espera-se que a rádio tenha força para divulgar a voz das comunidades.

Pastorais Sociais no V FSPA

26 de novembro de 2010 por Elis Lucien

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), especialmente da Diocese de Santarém vem acompanhando de perto todo o impacto social trazido pelos conflitos gerado pelos grandes empreendimentos no Oeste do Pará. Além de denunciar a extinção de comunidades desde de 2005, acompanha de perto os processos judiciais de manutenção de posse e ameaças às terras indígenas. Então, as pastorais trouxeram para o V Fórum Social Pan Amazônico um número considerável de representantes da: CPT de Bélem, CPT Br 163 Itaituba, CEMI Norte 2, ULBRA/Santarém, Religiosos do Brasil,  Pastoral Carcerrária, Jacareacanga, Prelazia de Óbidos, STTR Alenque, JUPIC Amazõnia, GCEM, Irmãs Missionárias Imaculada Conceição, Pastoral de Santarém, Religiosos Comunidade de Boa Esperança para a Tenda das Pastorais Sociais, que ficou localizada no Centro Comunitário de São João Batista com as seguintes discursões: Direito de Resistência ministrado pela Dra. Merilúcia Xavier Cohen representada na Comissão Nacional dos Direitos Humanos da OAB do Conselho Federal e o Dr. Felício Pontes para

melhor entendimento da situação e a Comissão de Justiça e Paz contemplando a Justiça Social num povo desigual realizado pelo Pe. Edilberto Sena. Fechando o encontro com o lançamento da Cartilha Povos da Floresta, resistência contra o grande capital do Baixo Amazonas.

Cenas do Fórum: índios em ritual pela proteção da mãe terra

26 de novembro de 2010 por Fábio Pena

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Cortejo inaugura V Fórum Social Pan-Amazônico

26 de novembro de 2010 por Fábio Pena

O dia 25 de novembro marcou os santarenos com a abertura do Fórum Social Pan-Amazônico que vai até o dia 29 com uma vasta programação reunindo representantes de povos da amazônia brasileira e da Bolívia, Colômbia, Venezuela, Suriname, Equador, Perú, Guiana, além da Guiana Francesa, que clamam pela defesa da floresta e consequentemente pela vida de seus habitantes e por mais justiça social.

Um animado cortejo saiu da concentração no Parque da Cidade, por volta das 16:30 h após um show de músicos regionais com o tradicional ritmo paraense, o carimbó, conduzido pelo movimento Roda de Carimbó de Alter do Chão.
Um ritual indígena organizado pelos índios Wai Wai juntou as demais etnias presentes no evento em uma celebração que demonstrou a espiritualidade e o respeito à natureza, alguns dos valores que embasam a luta desses povos.


Os movimentos de mulheres, aproveitando o mesmo dia de luta contra a violência contra as mulheres, também soltaram sua voz. Apesar do assunto sério, o protesto foi cheio de alegria. O Toré do movimento feminista entoava: “João, faz o teu feijão! Zeca, lava a tua cueca!  Hernestro, aprenda a fazer sexo! Zequinha, só com camisinha! Simone, bota a boca no trombone. Cristina, olha a tua vagina! Mulher, seja o que quiser!

A marcha foi tomando conta das ruas da cidade e por onde passavam, os participantes entoavam gritos de protestos e festejavam a diversidade cultural da Pan-Amazônia.

Entre faixas de protestos de indígenas, quilombolas, ribeirinhos, afetados por barragens e militantes de movimentos sociais, destacavam os protestos contra a construção das usinas hidroelétricas de Belo Monte, em Altamira e no rio Tapajós. “Águas para a vida e não para a morte”, ouvia-se entre os sons de tambores e músicas.

Os moradores das ruas onde o movimento passava, observavam e participavam de forma bastante receptiva, mesmo a maioria não entendendo muito do bem do que se tratava. “Não to entendendo nada, mas tô achando muito bonito. Amanhã vou no parque pra saber mais”, disse dona Eloiza Baltazar, na porta de sua casa.

Na chegada à orla de Santarém, o colorida do movimento se encontrou no mesmo ponto onde o rio Amazonas se encontra com o rio Tapajós, que banha Santarém. Lá a festa da mobilização social continuou com várias apresentações artísticas e rituais.

O grupo Roda de Carimbó, coordenador pelo cantor Chico Malta, se uniu ao tradicional grupo “espanta-cão” de alter do chão para continuar  Carimbó.

Uma voz forte e vibrante da Dona Ana Cleide da Cruz, que veio do quilombo do Arapemã, mostrou a beleza da cultura afro.

Os índios Mundurukus encerraram a programação com um ritual que, segundo um dos seus líderes, Adriano Gabriel, trazia um canção que convidava todos para a defesa da mãe terra”.

Palhas, cestos e muitos trançados no V FSPA

26 de novembro de 2010 por Elis Lucien

Coletar, secar, trançar e tingir é uma das tradições mais antigas da Amazônia. Construir objetos com palha de tucumã e cipó é um artesanato que já faz parte da cultura dentro da nossa região. Os artesãos e artesãs das comunidades de: Urucureá, Vila Amazonas, Arimum, Vila Brasil e São Miguel estão com a exposição e vendas de  suas peças no V Fórum Social Pan-Amazônico em Santarém/PA.

O grupo no decorrer do ano de 2010, contou com oficinas locais que vão desde do manejo adequado das espécies utilizado nos trançados até o desenvolvimento de técnicas de utilização com diferentes fibras criando uma nova linha de produto, seguindo suas próprias características de cada comunidade. Transformando o trançar do dia-dia em lucro certo  nas várias exposições que o grupo já participou.

Caminhada e faixa humana reunirão mil estudantes na orla de Santarém

25 de novembro de 2010 por Fábio Pena

Nesta sexta (26), como parte das atividades do Fórum Social Panamazônico que acontece de 25 a 29 de novembro em Santarém, no Pará, cerca de mil estudantes das escolas estaduais Frei Othmar, Maria Imaculada, Rio Tapajós, Antônio Batista Belo de Carvalho, Frei Ambrosio e Rodrigues dos Santos farão uma caminhada pacífica contra a construção de hidrelétricas na Amazônia.

O destino final será a praia que fica em frente ao museu da Praça São Sebastião, onde pelo menos 500 deles formarão, juntos, uma faixa humana idealizada pelas organizações 350.org e Amazon Watch, ONG que também organizou uma faixa humana na abertura do Fórum Social Mundial de 2009, em Belém. Os jovens foram mobilizados pela União de Grêmios Estudantes Livres (UGEL) e a imagem escolhida para a faixa é da indígena Yara segurando uma cuia com o corpo voltado para o rio Tapajós. A mensagem central da ação é “Rios Vivos”.

Durante o trajeto, os jovens segurarão faixas com dizeres que remetem à luta de povos indígenas, ribeirinhos, movimentos sociais e ambientalistas contra a construção de grandes usinas hidrelétricas na região. “Não a grandes hidrelétricas, sim a energias alternativas” será a frase de uma delas.

Ação global

Por volta de 11h20, um satélite sobrevoará a faixa humana com o objetivo de fotografá-la do espaço. Ao mesmo tempo, outras ações como essa também ocorrerão simultaneamente em mais de 188 países em todo o mundo, em uma manifestação pública global contra a crise climática, organizada pela 350.org.

AGENDA
Caminhada: saída às 10h30 da Rua dos Artistas rumo à praia em frente ao museu João Fona, praça São Sebastião
Faixa humana: entre 11h10 e 11h35
Local: praia em frente ao museu João Fona, praça São Sebastião

Quase tudo pronto para o Fórum Social Pan-Amazônico

24 de novembro de 2010 por Fábio Pena

Amanhã começa o V Fórum Social Pan-Amazônico que será realizado em Santarém, no Estado do Pará na Amazônia Brasileira no período de 25 e 29 de novembro de 2010. Será um passo adiante para união dos povos indígenas, comunidades tradicionais, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, camponeses, trabalhadores da cidade e do campo no rumo da construção de uma Pan-Amazonia que pertença efetivamente aos seus povos.

Os principais eixos temáticos do fórum serão: Em Defesa Da Mãe – Terra e Dos Territórios, Poder Para Os Povos Pan-Amazonicos, Direitos Humanos (Dhescas), Cultura, Comunicação e Educação Popular. A partir destes grandes temas, muitas oficinas, encontros, seminários irão acontecer reunindo participantes de diferentes regiões da amazônia brasileira e da Bolívia, Colômbia, Venezuela, Suriname, Equador, Perú, Guiana, além da Guiana Francesa.

Hoje pela manhã, no Parque da Cidade, palco principal do evento, muita gente trabalhava nos preparativos, e as primeiras delegações já começavam a chegar. É o caso deste grupo de jovens vindo de Macapá, Amapá.

A Farinha

11 de novembro de 2010 por Marcela Bentes

A Farinha é um dos ingredientes  que compõe o prato do povo Paraense e principalmente o prato dos moradores da Vila Castanhal, que buscam na roça a fonte de sustento de suas famílias, a mandioca ainda é a principal esperança de uma vida melhor do povo do interior, e dela que se extrai a farinha que faz parte da alimentação diária dos povos da Amazônia, e dela que se extrai o amido, conhecido por aqui como a tapioca que também é utilizado para fazer inúmeras guloseimas, o tucupi também é extraído da mandioca e serve para dar gostos  aos alimentos juntamente com a pimenta.

Saúde e Alegria no TEDx Amazônia

4 de novembro de 2010 por Fábio Pena

O Projeto Saúde e Alegria estará representado no TEDx Amazônia, um grande evento que ocorrerá nos dias 06 e 07 de novembro em Manaus, reunindo mais de 400 pensadores de diversas áreas do conhecimento em um dos ecossistemas mais complexos do mundo, que se distribui por nove países da América do Sul e é considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco: a Amazônia. Um encontro de interesse global que discutirá por dois dias como as nossas ideias podem melhorar a Qualidade de Vida das mais de 5 milhões de espécies do planeta.

O TED surgiu em 1984 como uma conferência anual na Califórnia e já teve entre seus palestrantes Bill Clinton, Paul Simon, Bill Gates, Bono Vox, Al Gore, Michelle Obama e Philippe Starck. No espírito das ideias que merecem ser espalhadas, o TED criou o programa de eventos locais chamado TEDx, que é organizado ao estilo TED, mas de forma independente.

O TEDx Amazônia é uma conferência sem fins lucrativos que reunirá mais de 50 pensadores de áreas de conhecimento tão diversas quanto arte e tecnologia, ciência e negócios, para falar sobre suas melhores ideias em palestras com duração de 5 ou 15 minutos. O tema desta primeira edição do evento será: Qualidade de Vida para todas as espécies do planeta.

O advogado, educador e artista circense, Magnólio de Oliveira, um dos coordenadores do Projeto Saúde e Alegria estará entre em palestrantes do evento, que terá também atrações como o poeta Thiago de Mello, o educador Bernardo Toro e o músico André Abujanra.

Mais informações aqui:  http://www.tedxamazonia.com.br/