O dia 25 de novembro marcou os santarenos com a abertura do Fórum Social Pan-Amazônico que vai até o dia 29 com uma vasta programação reunindo representantes de povos da amazônia brasileira e da Bolívia, Colômbia, Venezuela, Suriname, Equador, Perú, Guiana, além da Guiana Francesa, que clamam pela defesa da floresta e consequentemente pela vida de seus habitantes e por mais justiça social.
Um animado cortejo saiu da concentração no Parque da Cidade, por volta das 16:30 h após um show de músicos regionais com o tradicional ritmo paraense, o carimbó, conduzido pelo movimento Roda de Carimbó de Alter do Chão.
Um ritual indígena organizado pelos índios Wai Wai juntou as demais etnias presentes no evento em uma celebração que demonstrou a espiritualidade e o respeito à natureza, alguns dos valores que embasam a luta desses povos.
Os movimentos de mulheres, aproveitando o mesmo dia de luta contra a violência contra as mulheres, também soltaram sua voz. Apesar do assunto sério, o protesto foi cheio de alegria. O Toré do movimento feminista entoava: “João, faz o teu feijão! Zeca, lava a tua cueca! Hernestro, aprenda a fazer sexo! Zequinha, só com camisinha! Simone, bota a boca no trombone. Cristina, olha a tua vagina! Mulher, seja o que quiser!
A marcha foi tomando conta das ruas da cidade e por onde passavam, os participantes entoavam gritos de protestos e festejavam a diversidade cultural da Pan-Amazônia.
Entre faixas de protestos de indígenas, quilombolas, ribeirinhos, afetados por barragens e militantes de movimentos sociais, destacavam os protestos contra a construção das usinas hidroelétricas de Belo Monte, em Altamira e no rio Tapajós. “Águas para a vida e não para a morte”, ouvia-se entre os sons de tambores e músicas.
Os moradores das ruas onde o movimento passava, observavam e participavam de forma bastante receptiva, mesmo a maioria não entendendo muito do bem do que se tratava. “Não to entendendo nada, mas tô achando muito bonito. Amanhã vou no parque pra saber mais”, disse dona Eloiza Baltazar, na porta de sua casa.
Na chegada à orla de Santarém, o colorida do movimento se encontrou no mesmo ponto onde o rio Amazonas se encontra com o rio Tapajós, que banha Santarém. Lá a festa da mobilização social continuou com várias apresentações artísticas e rituais.
O grupo Roda de Carimbó, coordenador pelo cantor Chico Malta, se uniu ao tradicional grupo “espanta-cão” de alter do chão para continuar Carimbó.
Uma voz forte e vibrante da Dona Ana Cleide da Cruz, que veio do quilombo do Arapemã, mostrou a beleza da cultura afro.
Os índios Mundurukus encerraram a programação com um ritual que, segundo um dos seus líderes, Adriano Gabriel, trazia um canção que convidava todos para a defesa da mãe terra”.