A Mãe d’Água

1 de julho de 2008 por Elis Lucien

Era uma vez um homem muito pobre, que tinha uma boa plantação de melancia na beira do rio. Porém, quando as frutas estavam maduras, desapareciam de noite. Ele procurava rastros de ladrão, mas nada encontrava.

Deve ser algum canoeiro que vem pela água. Encondeu-se atrás de uma moita à noite e ficou vigiando. Mas nada viu nas duas noites. Na terceira noite, ouvindo um leve rumor para lados do rio, foi até lá e viu uma linda moça de cabelos compridos e olhos d’águas profundos, colhendo as melancias todas. Foi atrás dela, devagarinho, pé ante pé e agarrou-a.

– Ah! danada! gritou ele. É você que carrega as minhas melancias! Pois agora você vai para minha casa, casar-se comigo!

– Eu não. Gritava ela. – Eu não!

Como o homem insistia ela propôs:

– Caso se você nunca falar mal da água.

– Pois sim, nunca falarei.

No domingo seguinte casaram e imediatamente, o homem, surpreso viu tudo mudar misteriosamente em sua propriedade. Tudo correu bem por muito tempo, até que a moça começou a desleixar e não cuidou nem da casa e nem dos filhos. O homem perdendo a paciência falou:

– Já que você veio da água suja! A moça que estava sentada, levantou-se e foi embora em direção ao rio. Atrás dela foram andando os filhos, os bois, as vacas, os móveis e os baús começaram a pular para o rio e a própria casa pulou também.

Foi então, que o homem viu-se sozinho na margem tranquila e pobre. Mas a mãe d’água nunca mais mexeu nas melancias.

Jornal Cabocla – MAI/JUN – Urucureá
Repórter: Ailton

Deixe um comentário

*