A menina dos cabelos dourados

Uruari é uma cabeceira do baixo lago grande, com bom desenvolvimento como as outras comunidades, conta com a sua igreja, escola, sede de clubes e motor de luz.
Anos passados, um comerciante que hoje não reside mais no lugar construiu no seu porto uma espécie de flutuante com pranchas de araparizeiro e de itaúba que não eram aproveitadas em seu estaleiro para que a família pudesse encher água e tomar banho, pois, junto ao barranco tinha um poço muito profundo.

Um dia, os filhos do comerciante estavam tomando banho no flutuante como de costume eram 09:00h da manhã. Os menores saltavam na água enquanto a irmã mais velha lavava umas peças de roupas. Quando em dado momento do lado onde o poço era mais fundo, ouviram um insistente e repetido psiu. Todos olharam e sobre as águas uma menina loira vestida de branco a poucos metros do flutuante. O sol refletindo em seus longos cabelos dourados formava uma curríola de luz.
Todos correram assustados para contar aos pais o acontecimento. A moça mais velha subiu semi-nua. Como estava os pais e outras pessoas no comércio, ao chegarem no flutuante não viram mais nada.
No outro dia, um dos meninos amanheceu com febre. Como o estado de saúde agravava-se o pai resolveu levá-lo para Santarém. Os médicos examinaram e o resultado deu anemia. Os rémedios não fizeram efeito. O menino apresentava poucas melhoras.
O pai já não sabia o que fazer. Aconselhado por algumas pessoas, embora não acreditando muito, resolveu procurar o Mestre Pacífico residente no lugar Igarapé-Açu no município de Óbidos.
O mestre após defumar o menino, explicou ao pai incrédulo, que a menina loira era a dona daquele poço e apareceu, porque tinha simpatizado muito com a criança e desejava levá-lo para sua companhia.
Depois de tomar alguns e seguir as recomendações do mestre, o filho do comerciante ficou completamente curado.
Atualmente, o rapaz mora em Itaituba, talvez não lembre mais da linda menina dos cabelos dourados que um dia gostou dele e queria levá-lo.

Trabalho dos alunos da turma de 97 (EMEF Castelo Branco)
Jornal Cultura, ed. OUT/98 Vila do Socorro – Lago Grande