Encontro reúne professores que atuam no projeto Territórios de Aprendizagem

28 de novembro de 2012 por Fábio Pena

Professores de cinco escolas do campo do município de Santarém estarão reunidos nos próximos dias 29 e 30/11/2012, na Escola do Parque, para participarem da 2a Oficina de Formação do Projeto Escolas e Comunidades da Floresta: Territórios de Aprendizagem. O objetivo é construir referências pedagógicas que melhorem a qualidade da educação do campo no contexto amazônico, diminuindo o distanciamento entre o ensino formal e a realidade sociocultural e ambiental dos alunos.

O projeto é uma parceria do Projeto Saúde & Alegria com a Secretaria Municipal de Educação de Santarém, com apoio do Programa Norte de Saberes, da Fundação Carlos Chagas. Estão participando da iniciativa 04 escolas de ensino fundamental da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns: N. Sra. de Fátima, da comunidade do Anã; João Franco Sarmento, de Suruacá; Escola São Pedro, da comunidade São Pedro; Escola Sto. Ingnácio de Loyola, da comunidade de Boim. E a Escola Irmã Dorothy, primeira escola do campo de tempo integral, localizada na região do Eixo Forte.

Após a primeira formação que aconteceu no mês de agosto, os professores voltaram para suas escolas com o desafio de realizar trilhas pedagógicas propostas como forma de valorizar a comunidade, o território onde a escola está inserida, como espaço de aprendizagem, para que em seguida possam unir esses saberes ao ensino de disciplinas do currículo formal.

“O que a comunidade sabe que a escola não ensina?”

Foi a partir dessa pergunta que o projeto realizou nas cinco escolas, uma grande gincana cultural em que as escolas mobilizaram as comunidades num processo de mapeamento participativo de seu território, e dos conhecimentos, saberes tradicionais da população local.

O mapeamento participativo busca a “memória” da comunidade como principal subsídio, como também utiliza a tecnologia da cartografia e de comunicação (foto, vídeo, áudio, internet) para que o conhecimento dos comunitários sobre seu território possa se tornar também um conhecimento sistematizado, que pode ser útil como recurso pedagógico na escola.

Em vários grupos, os alunos percorreram suas comunidades identificando elementos expressivos, levantando o perfil social, econômico e ambiental a partir de sua própria sua visão infanto-juvenil. Os mapas elaborados contemplaram aspectos como a cartografia da comunidade em si – com as especificações territoriais, geográficas; a biodiversidade – identificando a fauna, flora, pesca, coleta, extrativismo; e tambem aspectos culturais relacionados às formas de viver no território.

Os alunos foram motivados também a pesquisarem sobre o conhecimento tradicional, os saberes populares, os mitos e lendas, a história local e regional, a culinária local, manifestações culturais coletivas, brincadeiras infantis, além de valorizar os talentos locais, como músicos, poetas, artesãos. O trabalho realizado construi-se num rico banco de conhecimentos amazônicos que foram sistematizados no formato de um “cardápio” que a escola agora tem a sua disposição para continuar “saboreando” estes sabres.

“É o que será iniciado neste encontro, que será um laboratório pedagógico em que vamos elaborar participativamente propostas de inovação no processo de ensino-aprendizagem que una esses saberes da comunidade aos conteúdos escolares. Partimos da idéia de que a criança pode aprender melhor quando o ensino  contempla suas formas de viver na comunidade”, explica Fábio Pena, coordenador do projeto. Observando as áreas de maior carência dos professores no processo de ensino, serão eleitos os conteúdos específicos do currículo do ensino fundamental e utilizado o cardádio de conhecimentos levantados nas comunidades, para a elaboração materiais e novas abordagens pedagógicas.

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