Do ponto de vista ribeirinho
15 de maio de 2009 por Elis LucienOs povos da Amazônia convivem diariamente com as águas. Mas nesse ano, a subida delas ultrapassou os limites de comunidades que nunca antes fora atingidas. As comunidades que estão sofrendo são justamente aquelas que a frente da comunidade está localizada na parte baixa, tanto na área ribeirinha quanto na várzea e não são as únicas, pois até comunidades que ficam em ribanceiras já estão sendo atingidas com a força das águas no barranco, causando quedas nas beiradas de frente dessas comunidades. A Rede Mocoronga de jovens repórteres relatam a situação dos moradores nos jornais comunitários:
Da comunidade de Nuquini rio Tapajós por via telefone, o repórter Rondineli relata a seguinte informação: “os estudantes da turma de Educação de Jovens e Adultos – o EJA precisam usar caminhos mais longos dentro da mata para chegarem até a escola arriscando sua saúde, pois a incidência de cobras é bem maior nesses locais da mata”
Do jornal Capixaba de Capixauã na seção saúde, relata “o cuidado com a água que deve ser coada e clorada antes de utilizar e também o risco de micoses, vômitos e diarréias”.
O jornal O Papagaio Vila do Amorim revela “a invasão das águas nas moradias e a principal rua está completamente tomada pelas águas. A canoa que ficava lá na beira da praia, agora fica enfrente as casas dos moradores”.
O jornal JUBE de Pedra Branca, “o lago Peixe Boi de frente da comunidade ultrapassou seu volume e as águas das enchentes chegaram até o campo de futebol o Engenhão, impossibilitando os jogos de fim de tarde”.
O jornal A Notícia de Vila de Boim, traz a preocupação com a situação dos alunos, “pois a ponte que liga à outras comunidades como: Pau da Letra, São Tomé, Jaca está submersa que faz os alunos tenham que usar bajaras na travessia”.
Do jornal O Tigre de Novo Progresso do Capixauã, traz a preocupação da “força das chuvas diárias causando erosão. E com essa situação os comunitários estão realizando plantações de árvores para amenizar essa situação”.
Isso é uma pequena porcentagem, da situação das comunidades que estão localizadas no rio Tapajós. Aqui no oeste do Pará há várias famílias ribeirinhas que já abandonaram suas casas. No município de Santarém na área de várzea, a preocupação é bem maior, apesar dessas populações viverem metade do ano com água na porta das suas residências, pois vivem em palafitas – casas com o assoalho levantado do chão – estão sofrendo muito mais, pois a água dessa enchente inundou por completo as poucas áreas de terras que tinham e a única solução para não sofrer danos maiores foi abandonar casa, roça e as pequenas criações de animais foram transportados para lugares altos da própria comunidade ou para dentro do município de Santarém.
E num contexto geral, existem famílias que não querem abandonar suas casas ou porque não têm para onde ir ou acreditam na vazão das águas nesse mês de junho. Na região na Amazônia, a subida das águas em determinado período é normal (inverno amazônico), mas nesse ano a cheia dos nossos rios ultrapassaram limites nunca antes relatados nas conversas de beira de rio.
Elis Lucien
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