Estudantes de jornalismo trocam experiências com repórteres comunitários de Suruacá

4 de novembro de 2008 por Fábio Pena

Como parte da programação da I Jornada de Comunicação Social do Oeste do Pará, um grupo de trinta acadêmicos de jornalismo do IESPES (Instituto Esperança de Ensino Superior) e da FIT (Faculdades Integradas do Tapajós) visitou a comunidade de Suruacá, no rio Tapajós, para conhecer a experiência de comunicação comunitária que vem sendo realizada no local com o apoio do Projeto Saúde & Alegria.
A participação do PSA na Jornada começou no dia 28 de outubro quando o coordenador pedagógico do projeto, Magnólio de Oliveira apresentou a experiência da Rede Mocoronga em uma oficina para os estudantes no IESPES. Como experiência prática, a oficina envolveu a visita a um dos grupos participantes da Rede.


Em Suruacá, onde vivem aproximadamente 96 famílias, os cerca de 600 moradores já se acostumaram a ouvir todas as manhãs e durante os finais de semana o som da rádio japiim, uma rádio local com cornetas dirigida principalmente por um grupo de jovens locutores. A equipe de comunicação japiim de Suruacá também produz um jornal, vídeos participativos e alimenta o blog da comunidade divulgando assuntos de interesse coletivo e campanhas educativas. Para isso os jovens dispõem de um telecentro equipado com computadores, acesso à internet via satélite, onde também funciona a redação do jornal e o estúdio da rádio japiim.
As atividades do grupo japiim de comunicação faz jus ao nome do pássaro que segundo os repórteres locais acompanha o estúdio da rádio desde seu inicio. “Tínhamos um estúdio em frente à igreja e debaixo de uma árvore onde os japiins faziam seus ninhos. Depois mudamos para o lado do campo de futebol e os japiins mudaram de árvore novamente. Agora estamos aqui no telecentro e eles vieram de novo seguindo a rádio”, conta o locutor mais antigo de Suruacá de atende pelo nome de JM, Joacir Marques.

Foi essa experiência que levou os estudantes de jornalismo até Suruacá no dia 01 de novembro, após uma longa viagem que incluiu não apenas a bela paisagem do rio Tapajós, mas muitas dificuldades com o balanço do barco para o desembarque. Nesta época do ano, quando o rio está na vazante, o barco fica distante da margem, sendo necessário canoas para o desembarque que contou com a colaboração dos comunitários.

Para muitos estudantes, mesmo morando em Santarém, foi a primeira visita a uma comunidade ribeirinha. Para o radialista Jota Ninos, “isso é fundamental para que os futuros jornalistas compreendam a realidade em que vivem na Amazônia e os desafios da profissão”.

 
Em Suruacá, como é de costume, os moradores fizeram uma bonita recepção aos visitantes, seguida de uma caminhada na comunidade onde as lideranças apresentaram os principais pontos de referencia no local, como a escola, o posto de saúde e o sistema de abastecimento de água, até chegarem ao telecentro cultural. Lá foi realizada uma reunião onde os estudantes, os representantes do Sindicato dos Radialistas de Santarém, Rosa Rodrigues, Minael Andrade e Jota Ninos e os coordenadores do PSA, Fábio Pena e Magnólio de Oliveira, assistiram a comunidade apresentar como funciona o sistema de comunicação comunitária.

Dos mais velhos à nova geração, Suruacá já aprendeu a importância da comunicação. “Ela serve para melhorar a organização local da comunidade, ajudando a mobilizar os comunitários para os eventos coletivos, resgatar a cultura, mas também serve para divulgar nossa comunidade para o mundo, contou Dailon Alves, jovens de 20 anos que já viajou até para a Suécia para apresentar os vídeos feitos na comunidade.

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